As doenças inflamatórias intestinais representam um desafio para pacientes no que diz respeito a alimentação.Sintomas típicos, tais como diarréia, dor abdominal e perda de peso podem também se relacionar com fatores dietéticos, já que eles podem ser com frequência deflagrados ou piorados com a ingestão de certos alimentos.
A Doença de Crohn pode afetar qualquer segmento do trato digestivo, da boca ao ânus. O local mais comum de inflamação, entretanto, é o segmento final do intestino delgado (o íleo terminal) e a primeira parte do intestino grosso (ceco). As alterações inflamatórias na Doença de Crohn afetam todas as camadas da parede intestinal, explicando a ocorrência frequente de fístulas com outros órgãos ou com a parede abdominal.
Na Doença de Crohn, os distúrbios afetando o intestino delgado podem resultar na absorção inadequada de nutrientes, levando o paciente a quadros de perda peso, inapetência, diarréia e deficiência de um ou mais nutrientes (
vitaminas A,D,E,K, zinco, magnésio, entre outros).
Os pacientes, especialmentes aqueles que sofreram cirurgia no íleo terminal, podem requerer tratamento regular com suplementação de vitamina B12 periodicamente.
Na Retocolite Ulcerativa, a inflamação é restrita exclusivamente ao cólon (intestino grosso) e ao reto.
Durante a fase de atividade da doença (fase aguda), a capacidade do cólon de absorver água é seriamente prejudicada e diminuída, levando a quadro de diarréias que podem ser severas.
Diferentemente da DC, a inflamação na RCUI é limitada a camada mucosa ( mais superficial) do intestino e como o processo inflamatório afeta apenas o intestino grosso, as deficiência nutricionais são menos comuns do que no caso da Doença de Crohn. Todavia, podem ser observadas redução do
ferro (anemia ferropriva) e
albumina (ambas por conta da perda de sangue nas fezes) e eletrólitos, particularmente o
potássio. Um sintoma comum é a ocorrência de diarréia sanguinolenta com mistura de muco ( catarro) e , por vezes, secreção purulenta.
Durante o curso da doença, um grande número de pacientes com DII apresenta uma má nutrição geral ou deficiência de nutrientes específicos.
As causas potenciais para o desenvolvimento de déficit nutricional nas doenças inflamatórias intestinais incluem:
- Ingestão dietética reduzida por falta de apetite ou redução voluntária por causa de dor ou distensão abdominal.
- Absorção reduzida de nutrientes no intestino delgado ( má absorção)
- Movimentos intestinais aumentados nos casos de diarréa com perda associada de nutrientes
- Interações entre fármacos e nutrientes
- Requisitos nutricionais aumentados durante fases de inflamação ativa ou infecções.
- Doenças associadas
Existe alguma dieta especial para Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa?
Não. A maioria dos pacientes tolera bem todos os tipos de alimentos e não requer restrições dietéticas maiores. É aceito que nas DIIs a manutenção de uma boa alimentação é mais importante do que uma dieta restritiva específica. Algumas vezes , pacientes com Doença de Crohn apresentam uma estenose (estreitamento) no intestino delgado.Nestas situações, uma dieta com baixo teor de fibras (resíduos - frutas, vegetais, sementes) ou uma dieta líquida pastosa podem ser benéficas para minimizar a dor abdominal e outros sintomas. Frequentemente estas modificações dietéticas são temporárias, até que a inflamação que causou o estreitamento responda aos medicamentos.
Alguns pacientes portadores de DIIs cursam com intolerância à lactose (açúcar do leite), especialmente na fase ativa da doença. Uma dieta com restrição de leite e derivados portanto, é recomendável nesta fase.