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terça-feira, 30 de março de 2010

Hepatite C : uma epidemia silenciosa

A hepatite C é uma inflamação no fígado causada por um RNA vírus denominado HCV ( vírus da hepatite C ) e constitui, na atualidade, um dos maiores problemas de saúde pública mundial. De 70 a 90% dos infectados apresentam infecção crônica, existindo aproximadamente 170 milhões de indivíduos infectados no mundo ( 3% da população mundial ).
No Brasil, dados originados principalmente de estudos realizados em doadores de sangue têm revelado prevalência variando entre entre 1 a 3% de infecção pelo vírus C. Assim,estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas podem ter tido contato com este vírus.

Na grande maioria das vezes a infecção é assintomática, dificultando seu controle e facilitando sua disseminação na comunidade. Geralmente, o diagnóstico é acidental, durante a realização do exame de anti-HCV em doadores de sangue ou na investigação de enzimas hepáticas aumentadas. Infelizmente , este fato leva a diagnósticos tardios, em fases de descompensação da doença hepática.

As Principais vias de Transmissão do HCV
  •  Transfusão de sangue e derivados antes de 1993 ( transmissão parenteral )
  •  Da mãe para o bebê ( transmissão perinatal-raro )
  •  Compartilhamento de agulhas e seringas
  •  Acidentes de trabalho com profissionais de saúde
  •  Exposição percutânea em atividades como tatuagens, piercings, manicure entre outras , onde não   haja preocupação com biossegurança
  •  Transmissão sexual - não é uma via comum, baixos índices de infecção
Após a infecção aguda pelo vírus C, cerca de 80% dos adultos evoluem para infecção crônica, e em muitas regiões geográficas corresponde a causa mais frequente de hepatopatia crônica, relacionando-se ao desenvolvimento de CIRROSE e CARCINOMA HEPATOCELULAR.



Este vírus foi identificado apenas em 1989 e, a partir de então, os testes para identificar os anticorpos específicos foram desenvolvidos, o que aumentou a segurança das pessoas que recebem sangue ou transplantes de órgãos.
O HCV apresenta vários subtipos, conhecidos como genótipos. Esses têm grande relevância, pois o genótipo 1, por exemplo, apresenta resposta mais difícil ao tratamento do que os demais (não-1).  

SINTOMAS
Na fase aguda da infecção, os sintomas são leves ou ausentes, por isto, raramente ocorre o diagnóstico neste período. A evolução fulminante é rara na infecção pelo vírus C.
Os sintomas da infecção crônica também são leves, pelo menos no início. Desta forma, é comum o portador conviver vários anos com a doença sem saber que a possui. Apenas 25 a 30% dos infectados apresentam sintomas da doença que pode manifestar-se por letargia, mal-estar geral e intestinal, febre, perda de apetite, intolerância ao álcool e icterícia (“olhos e/ou pele amarelados”). Muitas vezes, os sintomas não são claros, podendo-se assemelhar aos de uma gripe. Na maioria das vezes, a infecção é descoberta acidentalmente durante exames de sangue de rotina ou nos exames de triagem para doação de sangue. 
Nesta fase, alguns pacientes apresentam-se com sinais e sintomas de doença crônica do fígado inerentes a hepatite crônica ou cirrose, em fase compensada ou descompensada da hepatopatia, podendo apresentar edema, ascite ou hipertensão portal. A icterícia nem sempre está presente. 

PREVENÇÃO  

Não existe vacina contra a hepatite C  

A  principal forma de prevenção é o teste para o vírus HCV que já é feito de rotina nos bancos de sangue e derivados atualmente. O sangue de doadores de órgãos , tecidos ou sêmen também deve ser testado.

O uso compartilhado de de seringas é inaceitável. Além disto, é preciso ter muito cuidado com materiais que possam conter sangue contaminado como instrumentos de manicure, lâminas, barbeadores, escovas de dente, etc.


Diagnóstico da Hepatite C 

É feito através de exames específicos, como:

  • Enzimas hepáticas: quando o fígado é atacado es as células começam a ser destruídas, as enzimas presentes no interior destas células se elevam na corrente sangúinea. São elas : enzimas ALT ( alanina aminotranferase) e AST (aspartato aminotransferase).

  • Anticorpos: O teste ELISA detecta a presença de anticorpos que o organismo produz contra o vírus da hepatite C. Um teste de anticorpo Anti-HVC positivoindica exposição ao vírus, mas não diz se a infecção está presente ou se já foi curada.

  • Presença do RNA do vírus: O teste de PCR ( reação de polimerase em cadeia ) procura o RNA do vírus HCV. o RNA é um conjunto de proteínas que carrega as informações sobre o vírus. Este teste pode indicar se o vírus está presente no organismo.

  • Biópsia hepática: é a retirada de um fragmento de tecido hepático para examinar as alterações nele existentes. as biópsias são frequentemente solicitadas para distinguir hepatite viral de hepatite causada por outros fatores, como o alcoolismo, por exemplo. Adicionalmente, indica também o grau do dano hepático (se existe fibrose ou cirrose e qual é o estágio). Portanto, esse exame é importante para decidir a necessidade ou não de tratamento.      

Como é a evolução da Hepatite C?

A hepatite C evolui lentamente e possui várias consequência possíveis:

  • Pacientes que não apresentam sintomas (assintomáticos) Como vimos, a maioria dos portadores crônicos da hepatite C não apresenta sintomas. Se ocorrem, são leves e , por isto, a infecção pode levar muitos anos para ser diagnosticada.

  • Infecção aguda O período de incubação varia de 2 semanas a 6 meses e os pacientes, na maioria das vezes, não apresenta sintomas clínicos.

  • Infecção crônica Em adultos, a progressão da doença para a forma crônica é muito maior na hepatite C (cerca de 80%) do que na hepatite B (10%). Nesse caso, a doença pode prejudicar muito o fígado e progredir para cirrose ou até mesmo para câncer. 
HEPATITE C : prevenção é a meta: PROCURA-C!



domingo, 28 de março de 2010

Gastrite: cuide bem de seu estômago

Qual a diferença entre GASTRITE e DISPEPSIA? 


O termo DISPEPSIA tem origem no grego ( dys: dificuldade, desordem e peptein: digerir ) e significa " indigestão". A dispepsia ou " Síndrome Dispéptica " é caracterizada por dor ou desconforto na parte superior do abdomem e pode incluir eructações (arrotos), empachamento, saciedade precoce, sensação de peso, náuseas e vômitos. Esses sintomas acometem em média 25% da população adulta e podem ser agudos, intermitentes ou persistentes. Entre as várias causas de dispepsia podemos citar intolerância à alimentos ( café, álcool, gorduras, condimentos ), medicamentos ( anti-inflamatórios, antibióticos ), gravidez e doenças ( Gastrites, Diabetes, Tireoidopatias ).

Frequentemente as pessoas confundem os sintomas acima com GASTRITE. Gastrite é uma inflamação do estômago, comprovada através de alterações orgânicas na Endoscopia e no exame histológico (biópsia), doença esta que pode ou não cursar com estes sintomas referidos.



Por que algumas pessoas têm Gastrite e apresentam quadro assintomático?

Gastrite raramente provoca sintomas, todavia, uma infinidade de manifestações são frequentemente atribuídas a ela, como a própria dispepsia. A sensibilidade à dor e ao desconforto causados pela inflamação da mucosa gástrica é muito individual, podendo variar de paciente para paciente e tendo o agravante de que os sintomas são muitas vezes mascarados pela auto-medicação.



De onde vem a expressão "Gastrite Nervosa " e por que ela é errada?

" Gastrite Nervosa " é um termo popularmente usado para associar os sintomas gástricos apresentados após um epsódio emocional adverso . Sabe-se que os fatores emocionais externos como o estresse, a ansiedade e o nervosismo do dia-a-dia levam à alterações da contração gástrica, aumentam a secreção ácida e interferem na sensibilidade do estômago à dor
Portanto, o " nervosismo " faz surgir ou piorar os sintomas decorrentes de uma gastrite, mas não é capaz de provocá-la. Do mesmo modo, os mesmos sintomas dispépticos podem existir sem a gastrite.



O que é uma Gastrite Aguda e Gastrite Crônica, quais suas principais causas e sintomas?

Estes são termos empregados e ainda geram muitas dúvidas e equívocos.
A gastrite é classificada em Aguda ou Crônica de acordo com o tipo de células inflamatórias que infiltram o tecido gástrico, ao exame histológico ( biópsia). Não há conotação evolutiva, cronológica ou temporal.
O que podemos observar é que as Gastrites Agudas são de aparecimento súbito, evolução rápida e facilmente associadas a um agente causador: medicamentos ( aspirina, anti-inflamatórios, antibióticos, corticóides ), alimentos irritantes ( café, condimentados, gordurosos, ácidos ) ou contaminados por germes ( bactérias e vírus ), bebidas alcoólicas e situações de estresse físico ou psíquico ( pacientes com queimaduras corporais extensas, politraumatizados ou com infecções generalizadas).
Já na Gastrite Crônica a bactéria " Helicobacter pylori " habitualmente está presente ( através da ingestão de água e alimentos contaminados ) . Outras causas associadas à gastrite crônica é o refluxo de bile para o estômago e a atrofia ( diminuição ) das células do estômago e baixa produção de ácido.
A Gastrite Crônica é, em geral, silenciosa e na maioria dos casos não apresenta sintomas. Na Gastrite Aguda, quando existem queixas, estas são muito variadas : dor em queimação no abdomem, azia, perda de apetite, fraqueza, tontura, dores de cabeça, náuseas, vômitos e sangramento digestivo ( fezes enegrecidas ou vômitos com sangue ).



Qual a relação entre Gastrite e Úlcera?

A Úlcera Péptica é uma erosão profunda da mucosa do estômago ou intestino, causada pela exposição excessiva ao ácido clorídrico, pela bactéria " H. Pylori " (80-95%) e por anti-inflamatórios. Geralmente está associada à gastrites ( o que já denota uma maior sensibilidade do estômago ) .



Quais as dicas para se prevenir a Gastrite?

- Evitar o excesso de alimentos possivelmente irritantes da mucosa gástrica : café, chá preto e mate, refrigerantes, gorduras e frituras, condimentos fortes, sucos e frutas ácidas, chocolate .
- Evitar bebidas alcoólicas
- Observar quais alimentos não são tolerados e evitá-los
- Evitar o excesso de líquidos às principais refeições
- Evitar alimentos muitos quentes ou gelados
- Não fumar
- Comer devagar
- Fracionar as refeições ( intervalos de 3 em 3 horas )
- Fazer as refeições em local tranquilo e com calma
- Evitar o uso de medicamentos irritativos : anti-inflamatórios, AAS, antibióticos ( devem ser tomados sob prescrição médica)
- Melhoria das condições sanitárias, do tratamento adequado da água de consumo doméstico, da higiene pessoal ( lavar as mãos antes de tocar os alimentos ) e dos cuidados no preparo e na conservação dos alimentos . Todas estas medidas fazem decrescer significativamente as vítimas de infecções alimentares ( gastroenterites e infecções pelo H. pylori )
- Ter hábitos saudáveis de vida : atividades físicas, esporte e lazer.


Leia mais!

" DEZ DICAS para viver em paz com seu estômago "
Acesse: http://saudedigestiva.blogspot.com.br/2012/04/dez-dicas-para-viver-em-paz-com-seu.html

Helicobacter pylori: a bactéria resistente ao meio ácido do estômago