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sábado, 19 de outubro de 2019

Envelhecimento, Imunossenescência e Microbiota Intestinal



Você já ouviu falar de Imunossenescência?

 O envelhecimento é um processo que envolve complexas mudanças celulares e moleculares, incluindo um declínio generalizado das funções imunológicas denominado de imunossenescência. As consequências clínicas da imunossenescência incluem uma maior suscetibilidade às infecções respiratórias, neoplasias e doenças cardiovasculares.

Em 2000, Franceschi e colaboradores entronizaram o termo “inflammaging” . Essa definição trata de uma extensão da teoria de rede do envelhecimento, em que os autores colocam a maneira como o sistema imune lida com um crescente aumento do status inflamatório, que é inerente ao envelhecimento do organismo e provocado por contínuo estímulo antigênico.

Processo inflamatório característico do envelhecimento, o "inflammaging" aparenta ter uma propensão progressiva a um estado pró-inflamatório fortemente influenciado pela carga genética do indivíduo, com um aumento constante da resposta inflamatória basal, representada por níveis séricos aumentados de proteína C reativa (PCR), IL-6 e TNF-a, implicados em inúmeras doenças inflamatórias.


No aparelho Digestivo não é diferente. 

O sistema digestivo também sofre influência do processo de envelhecimento, e passam a existir condições que levam a desnutrição e queda do estado imunológico, diminuindo as reservas orgânicas e propiciando o aparecimento de complicações gerais,como infecções e maior incidência de neoplasias. 
Com o envelhecimento, a salivação diminui e a língua também sofre alterações  sensitivas nas papilas gustativas, o que diminui o paladar. Concomitantemente surgem alterações e fragilidades dentárias que prejudicam significativamente a mastigação dos alimentos, com diminuição do prazer de comer. Os indivíduos com mais de 70 anos só conseguem captar sabores fortes, o que, em conjunto com a queda da olfação e dificuldades de mastigação, leva a anorexia (perda considerável do apetite). Surgem alterações da motilidade esofágica, que, associadas a hérnia de hiato, doença do refluxo gastroesofágico e eventual presença de divertículos esofágicos, levam o idoso a dar preferência a alimentos líquidos e pastosos,que possuem, em geral, menor valor nutritivo, favorecendo a instalação da desnutrição. 
Com o envelhecimento ocorre também prejuízo da zona secretora gástrica, que propicia estados de acloridria e, por conseguinte, gastrite atrófica e anemia perniciosa. O idoso apresenta uma diminuição do número de vilosidades do intestino delgado, que, associada a deficiências circulatórias, pode instalar processos isquêmicos intestinais crônicos, que levam a menor absorção de nutrientes e causam reflexos deletérios na exoneração intestinal, conduzindo a constipação intestinal, determinando contato mais prolongado da mucosa intestinal com agentes cancerígenos de origem alimentar e propiciando maior incidência de neoplasias. Com o progredir da vida é nítido o aumento da incidência de úlceras gástricas, neoplasias, divertículos e constipação intestinal.
O fígado, com o envelhecimento, apresenta redução da massa celular, com menor fluxo sangüíneo e redução da função, com queda da atividade enzimática e diminuição de fatores de coagulação, logo com maior possibilidade de complicações hemorrágicas. Alterações metabólicas relacionadas com a absorção e a excreção de sais biliares determinam aumento paralelo da idade e da incidência de colecistopatia calculosa. 


Microbiota

Microbiota intestinal é, por definição, o conjunto de microrganismos (não só bactérias) que povoam o trato gastrointestinal (TGI) humano e que, em condições normais, não nos causam doenças.
E esses microorganismos ajudam na digestão de alguns alimentos (como alguns polissacarídeos que não digerimos), produzem vitaminas e  protegem o TGI contra colonização por agentes agressores. O que não se sabia era que suas funções são bem mais amplas que essas. Estima-se que um adulto porte cerca de 1 a 2 Kg de microbiota em seu corpo e as funções exercidas são tantas que ela pode ser quase considerada um órgão virtual.
Nós envelhecemos e a microbiota intestinal tende a apresentar um perfil pró-inflamatório, produzindo citocinas pró-inflamatórias em condições de disbiose (desequilibrio da flora intestinal). Isto se dá principalmente pela significativa diminuição da quantidade de bifidobactérias intestinais. Tal fato relaciona-se por exemplo a um risco aumentado  de surgimento de alguns tumores, principalmente tumor colorretal e gástrico.
Surge então mais uma seara em que podemos intervir de forma positiva na busca da saúde global do indivíduo.
O mapeamento da microbiota intestinal de cada indivíduo já é um exame disponível em consultórios e a modulação intestinal representa hoje uma importante ferramenta para restaurar o equilíbrio do MICROBIOMA INTESTINAL e garantir a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.

Converse com seu médico e busque orientações. Probióticos não são todos iguais. Cada vez mais sabemos que cepas específicas agem especificamente e beneficamente para determinadas doenças. 
Um "pull" com várias cepas de probióticos não significa que seja mais eficaz ou melhor do que um probiótico de cepa única.