Divertículos intestinais são pequenas
saculações em fundo cego ( semelhantes a dedos de luva ) que se formam na parede do intestino grosso ao longo da vida de um indivíduo, sendo mais comuns com o avanço da idade.
Estima-se que a incidência de
diverticulose ( presença de divertículos no cólon ) seja de 5 a 10% nos indíviduos com mais de 40 anos, de 30% nas pessoas com mais de 50 anos e de 50 a 70% em indíviduos acima dos 70 anos.
Os divertículos atingem igualmente ambos os sexos e têm preferência pelo cólon sigmóide, descendente e ceco.
A maioria das pessoas possuem múltiplos divertículos, os quais ocorrem em vários pontos da parede dos cólons, entre as fibras musculares, geralmente nos locais mais frágeis desta parede. São verdadeiras herniações da mucosa através da musculatura intestinal. Como toda hérnia, são originados pela debilidade da parede do cólon, por aumento da pressão intraintestinal ou por ambos os fatores.
É interessante saber que os divertículos não ocorrem no reto ou no apêndice cecal, locais onde a musculatura demonstra-se mais espessa, resistente e contínua.
De forma geral, a maioria dos pacientes portadores de diverticulose (
cerca de 80%) permanecem
assintomáticos, durante toda a vida.
Podemos identificar duas formas distintas de diverticulose intestinal:
- HIPERTÔNICA: ocorre em indivíduos mais jovens, entre 40 e 50 anos, apresentando invariavelmente constipação intestinal. Localizam-se preferencialmente no sigmóide, são pequenos, fusiformes , de colo longo e estreito , gerando uma hipertrofia da musculatura adjacente, traduzida clinicamente como DOR do lado esquerdo do abdomem. A complicação mais frequente é a inflamação de um ou mais divertículos ( DIVERTICULITE ), que pode evoluir para abscessos peridiverticulares (coleções de pus), fístulas ( comunicação anormal do intestino inflamado com outros órgão próximos , como bexiga e vagina ) e perfuração.
- HIPOTÔNICA: ocorre rotineiramente na maioria da população, em indivíduos acima dos 60 anos. Os divertículos são difusos por todo o cólon, de colo largo e curto. Trata-se de uma alteração natural da parede intestinal, decorrente da degeneração e hipotonicidade que se instalam nos tecidos musculares com o passar do tempo. Do ponto de vista clínico, os pacientes são geralmente assintomáticos, podendo apresentar uma complicação nem sempre de fácil manejo, que é a hemorragia digestiva baixa maciça, por ruptura de vasos localizados na base destes divertículos. Dois terços dos casos de hemorragia ocorrem em divertículos situados no cólon direito.
É importante ressaltar que a ocorrência de divertículos deve-se, em geral, à ingestão de uma dieta com poucos resíduos, pobre em fibras.
Como são diagnosticados os divertículos intestinais?
A maioria dos divertículos assintomáticos são diagnósticados através do exame de colonoscopia ou através do exame de enema opaco ( raio-x contrastado do intestino).
Qual a diferença entre divertículo, diverticulose, doença diverticular e diverticulite?
Bem, durante muito tempo a presença destas saculações na parede intestinal ( divertículos) era denominada doença diverticular ou moléstia diverticular; termo este que caiu em desuso ao perceber-se que a maioria de tais divertículos eram assintomáticos durante toda a vida. Atualmente, é consenso denominar a presença dos divertículos no intestino apenas como DIVERTICULOSE, ao passo que esta alteração da parede intestinal
per si, não é considerada doença.
À partir do momento que temos a inflamação destes divertículos ( uma complicação), chamamos o quadro de DIVERTICULITE, caracterizando de fato, uma afecção.
Sabendo um pouco mais sobre DIVERTICULITE:
Trata-se da complicação mais frequente dos divertículos do cólon esquerdo. A diverticulite aguda ocorre devido à obstrução destes divertículos por fezes ou por alguns alimentos, o que leva a um grande processo inflamatório na parede intestinal, associado a uma infecção do local. A diverticulite aguda é uma complicação comum na evolução e história natural da doença diverticular, e ocorre em 10 a 25% dos pacientes com divertículos intestinais.
Os pacientes apresentam-se nos consultórios ou unidades de pronto-atendimento com quadro de dor abdominal intensa na região esquerda inferior do abdomem. Esta dor pode estar acompanhada de febre, tensão da parede do abdomem e massa abdominal palpável. Pode apresentar vários graus de gravidade, oscilando desde dores em cólicas à condição de inflamação intensa com necessidade de resolução cirúrgica de urgência.
O tratamento da diverticulite é clínico na maioria dos casos ( antibióticos , antiinflamatórios e dietoterapia), reservando-se a cirurgia à casos de complicações como fístulas e perfurações ou naqueles pacientes que apresentam crises de diverticulite recorrentes.
Nestes casos, exames subsidiários ( laboratoriais, ultrassom, tomografia computadorizada, entre outros) são necessários para adequada investigação e conduta do caso.
Tenho DIVERTÍCULOS, como devo fazer para me prevenir da DIVERTICULITE?
A primeira coisa a se fazer, é melhorar o hábito intestinal, incrementando a ingestão de fibras e de líquidos na alimentação diária. Desta maneira, as fezes ficarão mais macias e hidratadas, facilitando o seu deslocamento ao longo do intestino grosso, sem impactações fecais dentro dos divertículos.Outro ponto importante é evitar a ingestão de sementes de frutos como melancia, uva, goiaba, entre outros, que podem deslocar-se para o interior dos divertículos, desencadeando um processo inflamatório.
As fibras estão presentes na maioria dos alimentos não-industrializados, como frutas, verduras, legumes, farelo de trigo, linhaça, quinua, aveia e pães integrais.
Vale lembrar:
A ingestão de fibra alimentar recomendada para um adulto é de aproximadamente de 25 a 30g por dia.
A ingestão de líquidos ( água, sucos, chás ) recomendada é de no mínimo de 2 litros por dia.
Mais uma vez: alimentação adequada e correta hidratação....
podemos sempre fazer mais por nossa saúde digestiva!