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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Doença do Refluxo Gastroesofágico - uma afecção crônica

Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma doença crônica de grande prevalência na população em geral e um dos motivos mais frequentes de consulta ao gastroenterologista.
Caracteriza-se pelo retorno ( fluxo retrógrado ) anormal de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variáveis de sintomas, possíveis lesões teciduais e complicações.
O sintoma mais comum da DRGE  é a pirose (azia), que incide em 10 a 20% da população. A pirose é uma queimação na região gástrica ou torácica, podendo ser tão intensa a ponto de dar uma sensação de forte dor no peito, que algumas vezes mimetiza a dor cardíaca.

Qual a causa da DRGE?
A etiologia da doença do refluxo gastroesofágico é multifatorial. A causa mais frequente é a incompetência do esfínter inferior do esôfago.
O alimento triturado pelo ato mastigatório começa a percorrer o esôfago - órgão muscular e tubular que conduz o alimento da boca até o estômago. No final do esôfago existe um esfíncter (válvula) que se abre para dar passagem  ao estômago e posteriormente se fecha, impedindo que o suco gástrico e o bolo alimentar voltem ao esôfago. Quando esta válvula não funciona bem, ou seja, não é continente, temos o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago.

O que é Hérnia de Hiato?
Para chegar até o estômago, o esôfago passa pelo hiato -um oríficio do músculo diafragma que separa o tórax do abdomem. Se houver um alargamento deste oríficio, a parte superior do estômago pode deslizar em direção ao tórax, formando a chamada hérnia de hiato.
Esta condição é frequentemente encontrada em pacientes com DRGE, predispondo e intensificando o refluxo, embora possa ser encontrada em indivíduos assintomáticos.

Quais são os sintomas de DRGE?

MANIFESTAÇÕES ESOFÁGICAS:
  • Pirose
  • Dor torácica ( pode simular uma angina )
  • Engasgos noturnos
  • Disfagia ( dificuldade de deglutição )
MANIFESTAÇÕES EXTRA-ESOFÁGICAS:
  • Tosse
  • Pigarros faríngeos
  • Rouquidão
  • Aftas orais
  • Asma/bronquite crônica
  • Sinusite
  • Otites
  • Pneumonias
  • Erosão dentária
  • Apnéia do sono
  • Faringite
A DRGE é uma doença crônica, sujeita a recidiva e remissões, podendo se apresentar em qualquer faixa etária, em ambos os sexos.

Quais são as complicações da DRGE?
As complicações da DRGE são todas decorrentes da progressão da esofagite crônica, que se instala por causa da agressão contínua do ácido clorídrico à mucosa esofágica. Esta agressão contínua da mucosa pode originar erosões, úlceras e até a estenose ( estreitamento ) do esôfago. Nestas situações, pode ocorrer hemorragias, anemia e dificuldade de deglutição.
Outra complicação importante e tardia é o Esôfago de Barrett, que ocorre em 10 a 15% dos casos de DRGE e tem sido objeto de muita discussão no meio médico, em razão de sua predisposição ao adenocarcinoma de esôfago. O Barrett caracteriza-se por uma metaplasia, ou seja, na transformação da mucosa do final do esôfago em mucosa do tipo gástrica, numa tentativa do organismo de proteger a parede do esôfago do refluxo ácido.

Como é feito o diagnóstico de DRGE?
O diagnóstico de DRGE é firmado através da história clinica, exame do paciente e através de exames complementares.
O método que inicia a investigação diagnóstica é a ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA com biópsias, que visualiza toda a mucosa esofágica, gástrica e duodenal. Dos outros exames habitualmente utilizados, alguns pesquisam o refluxo e sua intensidade (estudo radiológico contrastado, cintilografia, pHmetria), suas complicações ou alterações esofágicas motoras que podem ocorrer ( manometria ).

Por que a DRGE deve ser tratada?
Os principais objetivos da DRGE são: a resolução dos sintomas, a cicatrização de possíveis lesões e a prevenção de complicações.
O tratamento visa melhorar a função motora do esôfago, aumentando a salivação, acelerando o esvaziamento gástrico e reduzindo o potencial lesivo do suco gástrico.
É uma terapia abrangente, pois envolve o cuidado dietético, alterações comportamentais e o uso de medicamentos que diminuem a secreção gástrica e melhoram a motilidade digestiva.
O tratamento clinico apresenta excelentes resultados, conquanto pode exigir longos períodos de uso de medicamentos específicos associados a uma dieta adequada.
O tratamento cirúrgico ( Funduplicadura com herniorrafia hiatal ) é reservado para refratariedade ou intolerância ao tratamento clínico, bem como para as grandes hérnias hiatais associadas ao RGE e nas complicações da doença.

O que o paciente deve fazer para contribuir para a sua melhora?
  • Não fumar
  • Evitar bebidas alcooólicas
  • Manter um peso corporal adequado; emagrecer se necessário
  • Evitar roupas apertadas na região abdominal
  • Evitar alimentos que prejudicam a digestão e facilitam o refluxo: café, chocolate, alimentos condimentados, gorduras, frituras, mentolados, bebidas gaseificadas, sucos e frutos ácidos, entre outros
  • Fracionar as refeições: comer quantidades menores várias vezes aos dias
  • Não ingerir líquidos às refeições
  • Não deitar-se após as refeições, respeitando um intervalo mínimo de 2 horas.
  • Comer devagar, mastigando bem os alimentos. 
O que eu posso fazer para ajudar o meu médico a diagnosticar e tratar a DRGE?

Durante a consulta descreva como você sente a azia ou o refluxo:
-Quantas vezes ocorrem estes sintomas?
-Quanto tempo duram os sintomas?
-Eles chegam a despertar você à noite?
-Os sintomas aparecem só após as refeições?
-Quais alimentos desencadeiam estes sintomas?

Quando não tratada corretamente, a DRGE pode trazer graves prejuízos à saúde.

domingo, 20 de junho de 2010

Doação de órgãos e tecidos - Como proceder?

O estado de São Paulo registrou um crescimento de cerca de 30% no número de doadores de órgãos e de transplantes realizados nos primeiros cinco meses de 2010. Entre janeiro e maio deste ano, foram feitos 1.044 transplantes. No mesmo período de 2009, esse número chegava a 793.

Os números integram um levantamento realizado pela Secretaria Estadual de Saúde com base nos dados da Central de Transplantes revela que a quantidade de doadores cresceu 34,5%, saltando de 284 nos primeiros meses de 2009 para 382 este ano.

A secretaria atribui os resultados positivos ao aprimoramento do trabalho de captação de órgãos nos hospitais e à implantação de um novo projeto que criou coordenadores intra-hospitalares de doação e transplante em 31 estabelecimentos paulistas. São estes profissionais os responsáveis por identificar potenciais doadores e acompanhar todos os exames necessários à operação.

Como posso me tornar um doador de órgãos?

O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condiçães de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.

O que é morte encefálica?

É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funçães vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. é fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sangüínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.

Quais os requisitos para um cadáver ser considerado doador?

  •  Ter identificação e registro hospitalar
  •  Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
  •  Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob  efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
  •  Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
  • Submeter-se a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral; e
  • Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas. Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.
Quero ser um doador de órgãos. Quais órgãos  posso doar?

  •  Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);
  • Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
  • Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
  •  Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • Pele; e
  •  Valvas Cardíacas.
Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?

Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.

Posso doar meus órgãos em vida?

Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.



Para doar órgãos em vida é necessário:

  • ser um cidadão juridicamente capaz;
  • estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
  •  apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
  •  Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e
  •  Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
Orgãos e tecidos que podem ser doados em vida:

  • RIM;
  •  PÂNCREAS;
  •  MEDULA ÓSSEA (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • FÍGADO (apenas parte dele, em torno de 70%); e
  • PULMÃO (apenas parte dele, em situações excepcionais).
Quem não pode doar?

  •  Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
  • Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
  • Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e
  • Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.

O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?

Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.


Como pode ser identificado um doador de órgãos?

A Centrais Estaduais também têm um papel importante no processo de identificação/doação de órgãos. As atribuições das CNCDOs são, em linhas gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores; o recebimento de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado para o redirecionamento dos mesmos para outros estados, dentre outras. Cabe ao coordenador estadual determinar o encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de espera. O que é realizado com o auxílio de um sistema informatizado para o ranking dos receptores mais compatíveis.

A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais onde os mesmos estão internados, através das Comissões Intra-hospitalares de Transplante, nas UTIs e Emergências em pacientes com o diagnóstico de Morte Encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das Unidades de Tratamento Intensivo e dos Serviços de Urgência e Emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos, sob cuja coordenação esteja possibilitando o adequado fluxo de informações.


Doar é multiplicar a vida! Você pode doar. Você pode receber órgãos e tecidos.




Disque Saúde 0800 61 1997
Ministério da Saúde
Esplanada dos Ministérios - Bloco G - Brasilia / DF
CEP: 70058-900

São Paulo recebe o primeiro hospital público do país especializado em transplantes.


O estado de São Paulo, a partir do dia 15 de junho, passou a contar com o primeiro hospital público do país especializado em transplantes de órgãos e tecidos. O antigo Hospital Brigadeiro – agora rebatizado como Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini - possui capacidade para realização de até 636 cirurgias anuais e dispõe de um corpo clínico  que realizará transplantes de córnea, rim, pâncreas, fígado e medula óssea.

Além destes procedimentos, o hospital  também atenderá casos de alta complexidade em áreas como hematologia, oftalmologia, urologia e neurocirurgia. A reforma do antigo hospital durou quase dois anos e exigiu cerca de R$ 37 milhões de investimentos em obras e equipamentos.

Embora afirme não ser possível precisar o tempo em que os pacientes à espera de um órgão compatível serão atendidos, o superintendente do hospital, o médico Nacime Salomão Mansur, garante que as novas instalações terão um “impacto brutal para a população”.

“Queremos ser em breve o principal transplantador de fígado, córnea, medula óssea e pâncreas e, em curto espaço de tempo, esperamos fazer praticamente a metade do número de transplantes renais que o Hospital do Rim faz hoje. Agora, a queda no tempo de espera vai depender dos doadores e do aumento da captação de órgãos”, disse Mansur durante a inauguração do hospital.

O superintendente afirmou que o hospital continuará atendendo a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de outros estados (hoje, um em cada cinco tranplantados nos hospitais paulistas é morador de outros estados) e que a triagem e o encaminhamento dos pacientes continuará sendo feito pelos ambulatórios especializados. Constatada a necessidade de transplante, o paciente é inscrito em uma lista de espera, cujo tempo de atendimento depende do órgão necessário e do estágio da doença.

Segundo Mansur, em São Paulo já não há mais fila para o transplante de córneas e a pior situação seria a dos que necessitam de um novo fígado. “É um procedimento muito complexo e há poucas equipes especializadas, além de haver poucos doadores”.

Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2651 - Jardim Paulista
São Paulo/SP -Tel : (11) 3170-6100


Dr. Zerbini e Equipe realizando o primeiro transplante cardíaco do Brasil - 1968.
" Operar é divertido, é uma arte, é ciência e faz bem aos outros " - Euryclides de Jesus Zerbini

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Intolerância à Lactose

A Intolerância à Lactose caracteriza-se pela incapacidade do indivíduo em digerir a lactose ( açúcar do leite ) devido a deficiência ou ausência da enzima intestinal chamada lactase.
A Lactose é um dissacarídeo ( glicose+galactose) presente no leite humano (7,2g/100 ml), leite de vaca (4-5g/100 ml) e derivados. Ela é hidrolisada no intestino delgado ( jejuno) sob a ação da lactase, em glicose e lactose, que por sua vez serão absorvidas pelas células intestinais a fim de gerar energia.

Devido a essa deficiência, a lactose não digerida continua dentro do intestino e chega ao intestino grosso, onde é fermentada por bactérias, produzindo ácido láctico e gases (gás carbônico e o hidrogênio). A presença de lactose e destes compostos nas fezes no intestino grosso aumenta a pressão osmótica (retenção de água no intestino), causando diarréia ácida e gasosa, flatulência excessiva (excesso de gases), cólicas e aumento do volume abdominal.

Quais as causas de deficiência da enzima LACTASE ?

  • CONGÊNITA - situação extremamente rara, quando a criança já nasce sem a presença de lactase na mucosa intestinal
  • PRIMÁRIA - " Não persistência da Lactase " ao longo da vida do indíviduo, evoluindo com decréscimos ou ausência da enzima após o período de lactação.
  • SECUNDÁRIA -  Diminuição enzimática secundária a doenças ou cirurgias intestinais ( doenças inflamatórias intestinais - Retocolite e Doença de Crohn, infecções intestinais, cirurgias de ressecção intestinal )
O ápice de atividade da enzima lactase ocorre ao nascimento, preparando-nos desta maneira, para a amamentação. Após o desmame, há uma diminuição progressiva e variável da lactase, situação esta considerada NORMAL e que ocorre em até 70% das pessoas ( "  Não persistência à Lactase " ).
Apenas alguns grupos populacionais desenvolveram  " persistência da Lactase " (30%), devido à mutações genéticas.
Assim, os indivíduos apresentam uma queda NORMAL da lactase na mucosa intestinal, podendo desenvolver ou não sintomas, dependendo da quantidade de lactose ingerida.
Há adultos em que algum momento da vida, ao ingerir uma quantidade maior de lactose diante à sua deficiência ou ausência de lactase, apresentarão sintomas de Intolerância à Lactose.

Quais são os sintomas ?
  • Dor abdominal
  • Distensão
  • Flatulência
  • Diarréia
  • Borborigmos ( sons abdominais )
  • Náuseas e vômitos
  • Constipação ( 20% dos casos ) 
  • Cefaléia e tontura
  • Cansaço crônico
  • Dores musculares
  • Dor e edema articular
  • Problemas de concentração e memória, entre outros 
Quais são os Fatores de Risco ?

1) Genética de " Não persistência da Lactase ": alguns grupos étnicos têm maior tendência - sul americanos, japoneses, chineses, judeus
2) Idade: com o passar do tempo a lactase vai diminuindo na mucosa intestinal, assim como a tolerância ao consumo de produtos que contenham lactose.
3) Fatores nutricionais, culturais e históricos: por exemplo, no norte da Europa ( Escandinávia ) pelo frio intenso a população desenvolveu a pecuária e passou a ter um consumo elevado de leite e derivados. devido a este consumo elevado, os indivíduos daquela região desenvolveram mutações e hoje possuem uma persistência da enzima lactase.
4) Quantidade de Lactose ingerida: demanda variável ao longo da vida. Indivíduos que em algum momento da vida passam a ingerir uma quantidade mais elevada de lactose ( ex: pessoas com osteoporose ) podem vir a desenvolver a intolerância ao leite e seus derivados devido à produção insuficiente de lactase.

Como é diagnosticada a intolerância à Lactose?

  •  Teste de intolerância à lactose ( TTL ): mede a capacidade que o indivíduo tem de digerir a lactose. O paciente recebe uma dose de lactose em jejum e, depois de algumas horas, são colhidas amostras de sangue que indicam os níveis de glicose.
  • Teste Respiratório de Hidrogênio: boa sensibilidade na avaliação da digestão da lactose. O paciente ingere uma bebida com alta quantidade de lactose e o médico analisa o hálito da pessoa em intervalos que variam de 15 a 30 minutos por meio da expiração. Se o nível de hidrogênio aumentar significa um processamento incorreto da lactose no organismo.
  • Teste de PH das fezes: o exame de fezes é realizado normalmente. A lactose não  bem digerida produz ácidos que podem ser detectados nas fezes

  • Genótipo da lactase: teste genético para se saber da persistência ou não da enzima lactase
  
TRATAMENTO E PREVENÇÃO

É necessário retirar TODO o leite e derivados da dieta?

NÃO. A grande maioria dos indivíduos portadores de intolerância à lactose ainda toleram uma certa quantidade de lactose na dieta (10-12g). Desta forma é importante reconhecermos a concentração de lactose nos diversos tipos de leite e derivados:

Leite em pó -----------------52,9 g ( diluido < 5,0g ) /100 ml
Leite condensado --------------------------------12,3 g/100 ml
Leite humano -------------------------------------7,2 g/100  ml
Leite de ovelha -----------------------------------5,1 g/100 ml
Leite desnatado ----------------------------------4,8 g /100 ml
Leite semi-desnatado-----------------------------4,7 g/100 ml
Leite integral -------------------------------------4,6 g/100 ml
Leite de cabra------------------------------------4,4 g/100 ml
Sorvete de creme---------------------------------5,2 g/100 ml
Queijos --------------------------------- Traços -5,0 g/100ml
Iogurte --------------------------------------- 0-4,7 g/100 ml
Mousse ---------------------------------------3,8 g/100 ml

O tratamento da intolerância à lactose requer a redução do consumo de alimentos que contenham o açúcar, para o alívio dos sintomas. Estudos mostraram que o consumo de iogurtes e outros produtos fermentados (como leites fermentados) são bem tolerados, assim como alguns queijos (os que, em seu processo de fabricação, são envelhecidos, como o cheddar, o suíço e o gorgonzola). Mas o consumo dos chamados queijos macios deve ser feito com cuidado, pois a lactose é usada no processo de cremificação de alguns deles.
Portanto, deve-se limitar a ingestão de lactose ao limite de tolerância do paciente. Algumas pessoas podem suportar de 120 a 240 ml por dia, se ingerirem alimentos com lactose durante as refeições. Esta combinação favorece a chegada gradual da lactose ao jejuno (porção média do intestino delgado) para ser digerida.


Há pessoas, porém, cujo nível de intolerância é tal que precisam de uma dieta sem nada de lactose. Por isso, é preciso examinar cuidadosamente os rótulos de pães, bolos, biscoitos, margarinas e outros alimentos industrializados antes de consumi-los. É fundamental verificar se em sua composição de nutrientes existe leite ou produtos lácteos. Se houver, a pessoa deve abster-se destes alimentos.

É preciso a mesma atenção com as carnes industrializadas, pois elas podem conter leite em pó como agente ligante. ( Ex: salsichas, presunto, etc)
Também é preciso cautela com remédios utilizados. A indústria farmacêutica utiliza com freqüência a lactose na composição de medicamentos.

Porém, ao reduzir com rigor o consumo de produtos lácteos corre-se o risco de provocar uma deficiência de cálcio.  Em função disto, a melhor opção é utilizar produtos com menor teor de lactose. Hoje, existem no mercado leites com teores reduzidos deste açúcar sem prejuízo ao sabor ou ao valor nutritivo. São os chamados "leites com 90% menos lactose" e encontrados em supermercados. Ex: o LEVÍSSIMO, da CCPL, o ZYMIL da Parmalat, o SENSY da Batavo, entre outros. Atualmente temos também  LEITES ZERO LACTOSE no mercado brasileiro, das marca PIRACANJUBA, NINHO , MOLICO , ITALAC, BATAVO, entre outros. Muitos pacientes os utilizam sem qualquer efeito adverso.
Há também uma ampla variedade de laticínios SEM LACTOSE, como iogurtes, queijos, requeijão, entre outros.

Para quem não quer abrir mão dos alimentos com lactose, uma opção é utilizar os suplementos da enzima lactase, disponíveis no mercado internacional em comprimidos ou tabletes mastigáveis (LACTAID). O produto deve ser ingerido junto com os laticínios. Seu efeito é quebrar e desdobrar a lactose permitindo que o leite seja absorvido sem os efeitos descritos anteriormente.

A Apsen recentemente trouxe ao Brasil a enzima lactase ( LACTOSIL ) na forma prática de sachês com 4.000 FCC ALU* para crianças, e 10.000 FCC ALU para adultos. O suplemento pode ser utilizado polvilhando-se de 1 a 2 sachês sobre os alimentos lácteos ou na sua preparação, sem alterar contudo o seu sabor ou cheiro.

Outra forma de apresentação da enzima lactase recém chegada ao mercado brasileiro é a de comprimido dispersível, comercializada pelos Laboratórios:


  • LACTOSIL de 10.000 FCC comprimidos - APSEN
  • LACTANON de 10.000 FCC comprimidos - NOVA QUÍMICA
  • LACDAY  de 10.000 FCC comprimidos - EMS
  • PERLATTE de 10.000 FCC comprimidos - EUROFARMA

Quais são os alimentos que contêm lactose?




São vários os alimentos que utilizam o leite na sua fabricação. As pessoas que tem intolerância à lactose devem sempre ler o rótulo do alimento, para saber se existe algum derivado do leite como o coalho, o soro do leite, ou o próprio leite.
Os alimentos que geralmente contêm leite são: pão e outros produtos de forno; cereais processados; purê de batatas, sopas, margarina; carnes ao molho, molhos de salada; doces, misturas para panquecas, biscoitos, e bolachas etc.
É importante ler a etiqueta dos alimentos com cuidado, procurando não só o leite ou a lactose, mas também o soro do leite, o coalho, produtos derivados do leite e leite em pó magro. Qualquer produto que contenha essas substâncias deve ser evitado pelas pessoas que tem intolerância a lactose.

Existem outros alimentos além do leite que fornecem o mineral CÁLCIO ?.


Vegetais de cor verde escura como o brócolis, a couve, o agrião, a mostarda, o repolho, o nabo, o gergelim, peixes que tenham ossos moles como o salmão e a sardinha, mariscos e camarão.

 







É importante ressaltar que nem sempre os sintomas da intolerância à lactose têm a ver com a ingestão de lactose. Esses mesmos sintomas podem ser causados por outros componentes dos alimentos lácteos, como gordura, açúcares ou fibras. Portanto, é necessário conhecer detalhadamente os hábitos alimentares de cada paciente para se estabelecer uma correlação exata dos alimentos com os sintomas. Assim, os especialistas pesquisam as intolerâncias considerando as características individuais,  formulando a proposta adequada a cada um. Desta forma estaremos contribuindo para a melhora nutricional do paciente e para que o tratamento seja bem-sucedido.

Saiba mais:    Enzima LACTASE agora disponível no Brasil