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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Doença do Refluxo Gastroesofágico - uma afecção crônica

Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma doença crônica de grande prevalência na população em geral e um dos motivos mais frequentes de consulta ao gastroenterologista.
Caracteriza-se pelo retorno ( fluxo retrógrado ) anormal de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variáveis de sintomas, possíveis lesões teciduais e complicações.
O sintoma mais comum da DRGE  é a pirose (azia), que incide em 10 a 20% da população. A pirose é uma queimação na região gástrica ou torácica, podendo ser tão intensa a ponto de dar uma sensação de forte dor no peito, que algumas vezes mimetiza a dor cardíaca.

Qual a causa da DRGE?
A etiologia da doença do refluxo gastroesofágico é multifatorial. A causa mais frequente é a incompetência do esfínter inferior do esôfago.
O alimento triturado pelo ato mastigatório começa a percorrer o esôfago - órgão muscular e tubular que conduz o alimento da boca até o estômago. No final do esôfago existe um esfíncter (válvula) que se abre para dar passagem  ao estômago e posteriormente se fecha, impedindo que o suco gástrico e o bolo alimentar voltem ao esôfago. Quando esta válvula não funciona bem, ou seja, não é continente, temos o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago.

O que é Hérnia de Hiato?
Para chegar até o estômago, o esôfago passa pelo hiato -um oríficio do músculo diafragma que separa o tórax do abdomem. Se houver um alargamento deste oríficio, a parte superior do estômago pode deslizar em direção ao tórax, formando a chamada hérnia de hiato.
Esta condição é frequentemente encontrada em pacientes com DRGE, predispondo e intensificando o refluxo, embora possa ser encontrada em indivíduos assintomáticos.

Quais são os sintomas de DRGE?

MANIFESTAÇÕES ESOFÁGICAS:
  • Pirose
  • Dor torácica ( pode simular uma angina )
  • Engasgos noturnos
  • Disfagia ( dificuldade de deglutição )
MANIFESTAÇÕES EXTRA-ESOFÁGICAS:
  • Tosse
  • Pigarros faríngeos
  • Rouquidão
  • Aftas orais
  • Asma/bronquite crônica
  • Sinusite
  • Otites
  • Pneumonias
  • Erosão dentária
  • Apnéia do sono
  • Faringite
A DRGE é uma doença crônica, sujeita a recidiva e remissões, podendo se apresentar em qualquer faixa etária, em ambos os sexos.

Quais são as complicações da DRGE?
As complicações da DRGE são todas decorrentes da progressão da esofagite crônica, que se instala por causa da agressão contínua do ácido clorídrico à mucosa esofágica. Esta agressão contínua da mucosa pode originar erosões, úlceras e até a estenose ( estreitamento ) do esôfago. Nestas situações, pode ocorrer hemorragias, anemia e dificuldade de deglutição.
Outra complicação importante e tardia é o Esôfago de Barrett, que ocorre em 10 a 15% dos casos de DRGE e tem sido objeto de muita discussão no meio médico, em razão de sua predisposição ao adenocarcinoma de esôfago. O Barrett caracteriza-se por uma metaplasia, ou seja, na transformação da mucosa do final do esôfago em mucosa do tipo gástrica, numa tentativa do organismo de proteger a parede do esôfago do refluxo ácido.

Como é feito o diagnóstico de DRGE?
O diagnóstico de DRGE é firmado através da história clinica, exame do paciente e através de exames complementares.
O método que inicia a investigação diagnóstica é a ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA com biópsias, que visualiza toda a mucosa esofágica, gástrica e duodenal. Dos outros exames habitualmente utilizados, alguns pesquisam o refluxo e sua intensidade (estudo radiológico contrastado, cintilografia, pHmetria), suas complicações ou alterações esofágicas motoras que podem ocorrer ( manometria ).

Por que a DRGE deve ser tratada?
Os principais objetivos da DRGE são: a resolução dos sintomas, a cicatrização de possíveis lesões e a prevenção de complicações.
O tratamento visa melhorar a função motora do esôfago, aumentando a salivação, acelerando o esvaziamento gástrico e reduzindo o potencial lesivo do suco gástrico.
É uma terapia abrangente, pois envolve o cuidado dietético, alterações comportamentais e o uso de medicamentos que diminuem a secreção gástrica e melhoram a motilidade digestiva.
O tratamento clinico apresenta excelentes resultados, conquanto pode exigir longos períodos de uso de medicamentos específicos associados a uma dieta adequada.
O tratamento cirúrgico ( Funduplicadura com herniorrafia hiatal ) é reservado para refratariedade ou intolerância ao tratamento clínico, bem como para as grandes hérnias hiatais associadas ao RGE e nas complicações da doença.

O que o paciente deve fazer para contribuir para a sua melhora?
  • Não fumar
  • Evitar bebidas alcooólicas
  • Manter um peso corporal adequado; emagrecer se necessário
  • Evitar roupas apertadas na região abdominal
  • Evitar alimentos que prejudicam a digestão e facilitam o refluxo: café, chocolate, alimentos condimentados, gorduras, frituras, mentolados, bebidas gaseificadas, sucos e frutos ácidos, entre outros
  • Fracionar as refeições: comer quantidades menores várias vezes aos dias
  • Não ingerir líquidos às refeições
  • Não deitar-se após as refeições, respeitando um intervalo mínimo de 2 horas.
  • Comer devagar, mastigando bem os alimentos. 
O que eu posso fazer para ajudar o meu médico a diagnosticar e tratar a DRGE?

Durante a consulta descreva como você sente a azia ou o refluxo:
-Quantas vezes ocorrem estes sintomas?
-Quanto tempo duram os sintomas?
-Eles chegam a despertar você à noite?
-Os sintomas aparecem só após as refeições?
-Quais alimentos desencadeiam estes sintomas?

Quando não tratada corretamente, a DRGE pode trazer graves prejuízos à saúde.

8 comentários:

  1. FOI OTIMO O ESCLARECIMENTO MÁRCIA TAGUATIGA-TO

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  2. Foi maravilhosa suas informações. Estou num rigoroso, o refluxo está muito grande e a esofagite chegou ao grau III,dai comecei o tratamento com pantazol e tenho sentido que a melhora tem sido considerável. A minha maior dúvida é o que comer e o que não comer. Mas esclareceu bastante. Valeu!!!!

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  3. Agradeço os comentários. Lembrem-se que a dieta adequada é fundamental para o sucesso do tratamento! Abraços!

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  4. Estou aprendendo muito.explicação dada d maneira simples e objetiva.Obrigada

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  5. Muito boas as informações. Algumas pessoas tem uma impressão errada que refluxo é exclusivo de recém nascidos e encontrar um blog como o seu ajuda a quem apresenta sintomas a procurar ajuda médica. Fazemos o memso tipo de serviço em meu site e já tivemos esse feedback positivo de alguns leitores.

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  6. Pior sintoma que sinto e o bolo na garganta logo após se alimentar isso é muito incômodo estou tomando pantozol sinto melhoras mas hem ritimo lento e a alimentação está bem equilibrada única maneira de não se sentir sufocado após se alimentar

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  7. Ultimamente tenho sentindo os sintomas com mais intensidade. É aquela azia forte, bem incomoda, que chega a queimar a garganta. Por último agora, acordei às pressas, pois havia voltado tudo de uma vez chegando até a vomitar. Gostaria de saber como posso iniciar uma dieta, quais os alimentos permitidos e os não permitidos nessa ocasião.
    Meus parabéns pelo blog. Muito esclarecedor.

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