Os sintomas mais frequentes são a diarréia crônica mucossanguinolenta, associada a dor abdominal e tenesmo. Anorexia , naúseas, vômitos, febre, astenia, desidratação, anemia e emagrecimento são manifestações gerais consequentes. Não raro, encontramos concomitantemente manifestações a distância (extra-intestinais) próprias do quadro, como artrite, aftas, glomerulonefrite, eritema nodoso, acometimento ocular (irite), pancreatite, esteatose e cirrose hepática.
A RCU acomete principalmente adolescentes e adultos jovens, afetando de forma variável a qualidade de vida dos pacientes e familiares. A doença está associada a um elevado custo social, pois tem um impacto direto relacionado com a falta na escola e no trabalho, a internações hospitalares e cirurgias.
No início, com apresentação clínica variável, a RCU pode evoluir para uma afecção quiescente ou até mesmo para uma doença crônica refratária de abordagem cirúrgica ou para complicações como o câncer colorretal. Há trabalhos que apontam uma taxa de até 20% de colectomias em 10 anos naqueles pacientes em uso da terapia convencional ( Langholz et al, 1994).
As publicações da última década afirmam que o tratamento da RCU deve ir além da remissão clínica (ausência dos sintomas) para se atingir um controle sustentado da inflamação através da cicatrização da mucosa. Com esta recente mudança no foco terapêutico, é nítida uma mudança na história natural da doença, observando-se uma diminuição do número de internações e do número de pacientes submetidos à cirurgia.
A avaliação do quadro clínico bem como da extensão e da gravidade da inflamação intestinal permitem a classificação dos pacientes em portadores de doença leve, moderada e grave. Esta classificação é importante pois norteará o planejamento da dose e da via de administração de medicamentos, necessidade de internação e cirurgias.
Os fármacos que fazem parte da terapia convencional são os aminossalicilatos, os corticóides, os imunossupressores e os antimicrobianos. Tal terapia está indicada para casos de RCU leves a moderados.
A terapia biológica constitui uma nova classe de medicamentos, que tem ação em vários pontos da cascata inflamatória e promove efetiva cicatrização da mucosa intestinal.
A terapia biológica é indicada na RCU moderada a grave e em pacientes intolerantes ou refratários à terapia convencional. Os medicamentos biológicos atualmente disponíveis para o tratamentos das doenças inflamatórias intestinais são os anti-TNFs. O Infliximabe, aprovado pela ANVISA em 2006, é o único anti-TNF liberado no Brasil para Retocolite Ulcerativa até o momento.
Atualmente há uma evidente correlação entre a obtenção da cicatrização da mucosa e a redução da recidiva clínica, necessidade do uso de corticóides, internações e cirurgias. Neste sentido, o Infliximabe mostra-se eficaz na indução da remissão da doença e na obtenção da cicatrização da mucosa em pacientes refratários à terapia convencional, sobretudo naqueles pacientes com fatores de gravidade tais como pancolite (acometimento de todo intestino grosso) e manifestações extraintestinais.