A Intolerância à Lactose caracteriza-se pela
incapacidade do indivíduo em digerir a lactose ( açúcar do leite )
devido a deficiência ou ausência da enzima intestinal chamada lactase.
A Lactose é um dissacarídeo ( glicose+galactose) presente no leite humano (7,2g/100 ml), leite de vaca (4-5g/100 ml) e derivados. Ela é hidrolisada no intestino delgado ( jejuno) sob a ação da lactase, em glicose e lactose, que por sua vez serão absorvidas pelas células intestinais a fim de gerar energia.
Devido a essa deficiência, a lactose não digerida continua dentro do intestino e chega ao intestino grosso, onde é fermentada por bactérias, produzindo ácido láctico e gases (gás carbônico e o hidrogênio). A presença de lactose e destes compostos nas fezes no intestino grosso aumenta a pressão osmótica (retenção de água no intestino), causando diarréia ácida e gasosa, flatulência excessiva (excesso de gases), cólicas e aumento do volume abdominal.
Quais as causas de deficiência da enzima LACTASE ?
- CONGÊNITA - situação extremamente rara, quando a criança já nasce sem a presença de lactase na mucosa intestinal
- PRIMÁRIA - " Não persistência da Lactase " ao longo da vida do indíviduo, evoluindo com decréscimos ou ausência da enzima após o período de lactação.
- SECUNDÁRIA - Diminuição enzimática secundária a doenças ou cirurgias intestinais ( doenças inflamatórias intestinais - Retocolite e Doença de Crohn, infecções intestinais, cirurgias de ressecção intestinal )
O ápice de atividade da enzima lactase ocorre ao nascimento, preparando-nos desta maneira, para a amamentação. Após o desmame, há uma diminuição progressiva e variável da lactase, situação esta considerada NORMAL e que ocorre em até 70% das pessoas ( " Não persistência à Lactase " ).
Apenas alguns grupos populacionais desenvolveram " persistência da Lactase " (30%), devido à mutações genéticas.
Assim, os indivíduos apresentam uma queda NORMAL da lactase na mucosa intestinal, podendo desenvolver ou não sintomas, dependendo da quantidade de lactose ingerida.
Há adultos em que algum momento da vida, ao ingerir uma quantidade maior de lactose diante à sua deficiência ou ausência de lactase, apresentarão sintomas de Intolerância à Lactose.
Quais são os sintomas ?
- Dor abdominal
- Distensão
- Flatulência
- Diarréia
- Borborigmos ( sons abdominais )
- Náuseas e vômitos
- Constipação ( 20% dos casos )
- Cefaléia e tontura
- Cansaço crônico
- Dores musculares
- Dor e edema articular
- Problemas de concentração e memória, entre outros
Quais são os Fatores de Risco ?
1)
Genética de " Não persistência da Lactase ": alguns grupos étnicos têm maior tendência - sul americanos, japoneses, chineses, judeus
2)
Idade: com o passar do tempo a lactase vai diminuindo na mucosa intestinal, assim como a tolerância ao consumo de produtos que contenham lactose.
3)
Fatores nutricionais, culturais e históricos: por exemplo, no norte da Europa ( Escandinávia ) pelo frio intenso a população desenvolveu a pecuária e passou a ter um consumo elevado de leite e derivados. devido a este consumo elevado, os indivíduos daquela região desenvolveram mutações e hoje possuem uma persistência da enzima lactase.
4)
Quantidade de Lactose ingerida: demanda variável ao longo da vida. Indivíduos que em algum momento da vida passam a ingerir uma quantidade mais elevada de lactose ( ex: pessoas com osteoporose ) podem vir a desenvolver a intolerância ao leite e seus derivados devido à produção insuficiente de lactase.
Como é diagnosticada a intolerância à Lactose?
- Teste de intolerância à lactose ( TTL ): mede a capacidade que o indivíduo tem de digerir a lactose. O paciente recebe uma dose de lactose em jejum e, depois de algumas horas, são colhidas amostras de sangue que indicam os níveis de glicose.
- Teste Respiratório de Hidrogênio: boa sensibilidade na avaliação da digestão da lactose. O paciente ingere uma bebida com alta quantidade de lactose e o médico analisa o hálito da pessoa em intervalos que variam de 15 a 30 minutos por meio da expiração. Se o nível de hidrogênio aumentar significa um processamento incorreto da lactose no organismo.
- Teste de PH das fezes: o exame de fezes é realizado normalmente. A lactose não bem digerida produz ácidos que podem ser detectados nas fezes
- Genótipo da lactase: teste genético para se saber da persistência ou não da enzima lactase
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
É necessário retirar TODO o leite e derivados da dieta?
NÃO. A grande maioria dos indivíduos portadores de intolerância à lactose ainda toleram uma certa quantidade de lactose na dieta (10-12g). Desta forma é importante reconhecermos a concentração de lactose nos diversos tipos de leite e derivados:
Leite em pó -----------------52,9 g ( diluido < 5,0g ) /100 ml
Leite condensado --------------------------------12,3 g/100 ml
Leite humano -------------------------------------7,2 g/100 ml
Leite de ovelha -----------------------------------5,1 g/100 ml
Leite desnatado ----------------------------------4,8 g /100 ml
Leite semi-desnatado-----------------------------4,7 g/100 ml
Leite integral -------------------------------------4,6 g/100 ml
Leite de cabra------------------------------------4,4 g/100 ml
Sorvete de creme---------------------------------5,2 g/100 ml
Queijos --------------------------------- Traços -5,0 g/100ml
Iogurte --------------------------------------- 0-4,7 g/100 ml
Mousse ---------------------------------------3,8 g/100 ml
O tratamento da intolerância à lactose requer a redução do consumo de alimentos que contenham o açúcar, para o alívio dos sintomas. Estudos mostraram que o consumo de iogurtes e outros produtos fermentados (como leites fermentados) são bem tolerados, assim como alguns queijos (os que, em seu processo de fabricação, são envelhecidos, como o cheddar, o suíço e o gorgonzola). Mas o consumo dos chamados queijos macios deve ser feito com cuidado, pois a lactose é usada no processo de cremificação de alguns deles.
Portanto, deve-se limitar a ingestão de lactose ao limite de tolerância do paciente. Algumas pessoas podem suportar de 120 a 240 ml por dia, se ingerirem alimentos com lactose durante as refeições. Esta combinação favorece a chegada gradual da lactose ao jejuno (porção média do intestino delgado) para ser digerida.
Há pessoas, porém, cujo nível de intolerância é tal que precisam de uma dieta sem nada de lactose. Por isso, é preciso examinar cuidadosamente os rótulos de pães, bolos, biscoitos, margarinas e outros alimentos industrializados antes de consumi-los. É fundamental verificar se em sua composição de nutrientes existe leite ou produtos lácteos. Se houver, a pessoa deve abster-se destes alimentos.
É preciso a mesma atenção com as carnes industrializadas, pois elas podem conter leite em pó como agente ligante. ( Ex: salsichas, presunto, etc)
Também é preciso cautela com remédios utilizados. A indústria farmacêutica utiliza com freqüência a lactose na composição de medicamentos.
Porém, ao reduzir com rigor o consumo de produtos lácteos corre-se o risco de provocar uma deficiência de cálcio. Em função disto, a melhor opção é utilizar produtos com menor teor de lactose. Hoje, existem no mercado leites com teores reduzidos deste açúcar sem prejuízo ao sabor ou ao valor nutritivo. São os chamados
"leites com 90% menos lactose" e encontrados em supermercados. Ex: o LEVÍSSIMO, da CCPL, o ZYMIL da Parmalat, o SENSY da Batavo, entre outros. Atualmente temos também
LEITES ZERO LACTOSE no mercado brasileiro, das marca PIRACANJUBA, NINHO , MOLICO , ITALAC, BATAVO, entre outros. Muitos pacientes os utilizam sem qualquer efeito adverso.
Há também uma ampla variedade de laticínios
SEM LACTOSE, como iogurtes, queijos, requeijão, entre outros.
Para quem não quer abrir mão dos alimentos com lactose, uma opção é utilizar os suplementos da enzima lactase, disponíveis no mercado internacional em comprimidos ou tabletes mastigáveis (LACTAID). O produto deve ser ingerido junto com os laticínios. Seu efeito é quebrar e desdobrar a lactose permitindo que o leite seja absorvido sem os efeitos descritos anteriormente.
A Apsen recentemente trouxe ao Brasil a enzima lactase ( LACTOSIL ) na forma prática de sachês com 4.000 FCC ALU* para crianças, e 10.000 FCC ALU para adultos. O suplemento pode ser utilizado polvilhando-se de 1 a 2 sachês sobre os alimentos lácteos ou na sua preparação, sem alterar contudo o seu sabor ou cheiro.
Outra forma de apresentação da enzima lactase recém chegada ao mercado brasileiro é a de comprimido dispersível, comercializada pelos Laboratórios:
- LACTOSIL de 10.000 FCC comprimidos - APSEN
- LACTANON de 10.000 FCC comprimidos - NOVA QUÍMICA
- LACDAY de 10.000 FCC comprimidos - EMS
- PERLATTE de 10.000 FCC comprimidos - EUROFARMA
Quais são os alimentos que contêm lactose?
São vários os alimentos que utilizam o leite na sua fabricação. As pessoas que tem intolerância à lactose devem sempre ler o rótulo do alimento, para saber se existe algum derivado do leite como o coalho, o soro do leite, ou o próprio leite.
Os alimentos que geralmente contêm leite são: pão e outros produtos de forno; cereais processados; purê de batatas, sopas, margarina; carnes ao molho, molhos de salada; doces, misturas para panquecas, biscoitos, e bolachas etc.
É importante ler a etiqueta dos alimentos com cuidado, procurando não só o leite ou a lactose, mas também o soro do leite, o coalho, produtos derivados do leite e leite em pó magro. Qualquer produto que contenha essas substâncias deve ser evitado pelas pessoas que tem intolerância a lactose.
Existem outros alimentos além do leite que fornecem o mineral CÁLCIO ?.
Vegetais de cor verde escura como o brócolis, a couve, o agrião, a mostarda, o repolho, o nabo, o gergelim, peixes que tenham ossos moles como o salmão e a sardinha, mariscos e camarão.
É importante ressaltar que nem sempre os sintomas da intolerância à lactose têm a ver com a ingestão de lactose. Esses mesmos sintomas podem ser causados por outros componentes dos alimentos lácteos, como gordura, açúcares ou fibras. Portanto, é necessário conhecer detalhadamente os hábitos alimentares de cada paciente para se estabelecer uma correlação exata dos alimentos com os sintomas. Assim, os especialistas pesquisam as intolerâncias considerando as características individuais, formulando a proposta adequada a cada um. Desta forma estaremos contribuindo para a melhora nutricional do paciente e para que o tratamento seja bem-sucedido.
Saiba mais: Enzima LACTASE agora disponível no Brasil