O que é Constipação Intestinal e quais são as suas causas?
A constipação intestinal ou "prisão de ventre" não é propriamente uma enfermidade, mas sim um sintoma muito frequente, que necessita de adequada investigação diagnóstica e tratamento. É a segunda queixa mais comum no consultório dos gastroenterologistas.
Caracteriza-se basicamente pela diminuição da frequência das evacuações ( menos que três vezes na semana ) acompanhada de fezes endurecidas ou ressecadas, dificuldade e dor evacuatória, desconforto e distensão abdominal.
Dentre as causas mais frequentes podemos citar o baixo consumo de alimentos ricos em fibras e a baixa ingestão de líquidos. Além delas, temos o sedentarismo, a idade avançada, a gravidez, a obesidade e o uso de determinados medicamentos ( diuréticos, analgésicos, calmantes, anorexígenos, antiácidos entre outros). Vale ressaltar que o uso abusivo e prolongado de laxantes lesa a mucosa intestinal contribuindo também para o mal funcionamento do intestino e constipação.
A constipação intestinal pode ser decorrente ainda de doenças orgânicas ( diabetes mellitus, hipotireoidismo, doenças neurológicas, depressão, hérnias abdominais, tumores gastrointestinais ) ou de distúrbios funcionais inerentes ao intestino ( síndrome do intestino irritável, disfunção do assoalho pélvico entre outras ).
Quando isto é caracterizado como grave?
A constipação intestinal é caracterizada como grave quando não apresenta resposta aos diversos tipos de tratamentos instituídos ( refratariedade ao tratamento ) levando até mesmo a formação de fecalomas ( massa de fezes grandes, duras e imóveis no intestino ) que exigem lavagens intestinais ou cirurgias. Outro caso grave é quando a constipação de início recente vem acompanhada de sinais de alerta: mudança do calibre das fezes, emagrecimento e presença de muco e/ou sangue nas fezes. Tais evidências nos levam a suspeitar de câncer colorretal.
As mulheres sofrem mais de constipação intestinal? Por quê?
A constipação ocorre mais frequentemente acima dos 40 anos e a prevalência é três vezes maior na mulher do que no homem.
Isto ocorre devido a fatores hormonais e também culturais.
Elas possuem a digestão e o trânsito intestinal naturalmente mais lentos, por questões hormonais. Mas o principal motivo para a diferença é cultural. Como as mulheres são educadas desde cedo a não evacuar e nem soltar gases em locais "inapropriados", muitas negam o reflexo da evacuação. Desta maneira o bolo fecal retorna à ampola retal, perde mais água, resseca, endurece e fica mais difícil de ser eliminado.Se a pessoa deixa de evacuar quando o corpo pede, a vontade passa e as fezes ficam mais tempo do que deveriam no intestino grosso. E pior: o esforço evacuatório ao longo dos anos poderá levar à incontinência fecal na velhice.
Quais as consequências da constipação intestinal em nosso organismo?
Cólicas e distensão abdominal, evacuações dolorosas, fissuras anais, doença hemorroidária, diverticulose, alterações da pele, alterações de humor, perda da qualidade vida. A constipação intestinal também está relacionada com o aumento da possibilidade de se desenvolver câncer de cólon, em virtude da lentidão do trânsito intestinal e do consequente aumento da formação e contato de substâncias cancerígenas encontradas nas fezes com a parede do intestino grosso, além da alteração da flora intestinal. Podemos inferir portanto, que a constipação intestinal traz um importante impacto orgânico e psicossocial ao indivíduo afetado.
Como prevenir a constipação? Quais alimentos devem se priorizados e qual é a melhor forma para consumí-los?
A prevenção da constipação intestinal implica em mudanças nos hábitos de vida, passando por medidas dietéticas e comportamentais .
É recomendável uma dieta rica em fibras ( 20 a 35 g/dia ), a ingestão abundante de líquidos ( 1,5 a 2 litros/dia ), uma atividade física regular e o respeito ao reflexo evacuatório: ir ao banheiro sempre que tiver vontade.
Beber muito líquido ( água, sucos naturais, chás ) é fundamental. A água hidrata as fezes e facilita a evacuação.
Deve-se fazer refeições regulares ( café -da-manhã, almoço e jantar ) e alimentar-se de 3 em 3 horas, comer devagar e mastigar bem os alimentos .
Evitar a ingestão excessiva de alimentos constipantes , tais como massas, farináceos refinados, bolos, batata, chocolate, chá preto e mate.
Evitar o uso abusivo de laxantes pois muitos deles mesmo sendo de venda livre e a base de plantas, podem causar efeito irritativo no intestino se usados a longo prazo, sem contudo regular a sua função. Além disso, podem mascarar um problema mais sério.Utilize medicamentos apenas com orientação médica.
As fibras estão presentes na maioria dos alimentos não industrializados, como frutas, verduras, legumes, cereais e no pão integral.
Os principais alimentos que contem fibras são: vegetais ( legumes, verduras, raízes ) , frutas ( frescas e secas ), leguminosas ( feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, soja, fava ) cereais integrais ( aveia, granola, farelo de trigo ), oleaginosas ( noz, avelã, amêndoa, castanha ) e gergelim.
Uma alimentação rica em fibras pode prevenir uma série de doenças, como constipação intestinal, hemorróidas, colesterol elevado, doenças cardíacas e o câncer colorretal.São alimentos com alto teor de vitaminas e sais minerais além de serem nutritivos e bem pouco calóricos.Mas atenção: o consumo excessivo de fibras também pode ser prejudicial à saúde.
Prefira por exemplo pão feito com cereais integrais, arroz integral, frutas e verduras cruas . Frutas preferencialmente com casca . O cozimento de verduras e frutas reduz a quantidade de fibras e vitaminas .
Para quem já apresenta o quadro, como é o tratamento?
Reeducar o intestino depois de anos travando a evacuação requer tempo e dedicação.
O tratamento da constipação intestinal envolve medidas dietéticas, mudanças do hábito de vida e terapia específicas com medicamentos que atuem na causa do quadro, quando esta estiver indentificada. Atualmente estudos mostram que os alimentos probióticos, que contém microrganismos vivos adicionados à fórmula, melhoram o trânsito intestinal e estão sendo largamente empregados no tratamento desta condição.
O intestino preso gera alguma consequência estética ou emocional?
Sim. Alterações de pele como a acne são comuns e a distensão abdominal está muitas vezes associada a uma percepção corporal desagradável e a dificuldade de uso do vestuário habitual. Distúrbios de humor, ansiedade e depressão são frequente nestes pacientes. Não é à toa que o termo "enfezado" remete a um intestino repleto de fezes.
Dra. Terry R. de Medeiros - Entrevista concedida à Revista Mais Sáude, Novembro de 2009.
Dra. Terry,
ResponderExcluirAgradeço, sensibilizado, pelo email enviado.
Procurarei seguir as orientações supra mencionadas.
Desejo a ti uma ótima semana!
Beijos,
Do seu paciente,
Edu.
Constipação Intestinal, sempre quiz saber sobre o assunto, ouvia falar mas sem coragem de perguntar do que se tratava.Parabéns pela matéria Dra.
ResponderExcluirMarisa-SP
parabens mesmo ,uma meteria exelente.
ResponderExcluirmuito mais sucesso para vc doutora terry. sou futura estudante de medicina mais serei pneumologista amo de paixão.
Querida futura colega,
ResponderExcluirSe é isto que realmente deseja, vá em frente, estude bastante e persevere em seu sonho.
Medicina é vocação.
Abraços,
Sucesso em seu caminho.
Este material me ajudou muito. Li muitas besteira desde que meu intestino pode explodir a eu posso morrer intoxicada, e juro que senti medo. Depois te acesso as informaões corretas, vou procurar um medico e fazer uma reeducação alimentar. Obrigada doutora.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirComo é feita a lavam intestinal? Hoje levei 3h no banheiro, e as fecalomas só saíram com o dedo....dolorosamente, e com força....algum sangramento