CAUSAS
A etiopatogenia destas doenças ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que envolve uma série de desordens e ativação imunoinflamatória em indivíduos geneticamente suscetíveis. Como consequência, surgem lesões inflamatórias crônicas da mucosa do tubo digestivo associadas a complicações locais e sistêmicas (em outros órgãos e sistemas).
Atualmente, sabe-se que são entidades autoimunes, e envolvem tanto fatores genéticos, locais (microbiota intestinal), imunológicos, como psicossociais.
Cerca de 15 a 30% dos portadores de DII têm um parente ou familiar com a doença.
INCIDÊNCIA
A RCUI e a DC são afecções crônicas de incidência mundial crescente e, até o momento, não possuem cura, apenas tratamento que há de ser feito de maneira contínua e supervisionado por médico especialista.
Em geral, afetam pessoas entre 10 e 40 anos de idade, mas podem, algumas vezes, manifestar-se pela primeira vez em crianças menores e idosos.
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, observa-se que ambas as doenças têm aumentado em frequência nos últimos anos, em especial a DC. A hipótese mais aceita para expllicar este fato em nosso meio, diz respeito ao maior consumo de alimentos industrializados, ricos em xenobióticos (conservantes, corantes,aditivos, etc), que exerceriam um potente efeito antigênico (reação imunológica de defesa e produção de anticorpos) em indivíduos geneticamente suscetíveis, deflagrando a doença.
Clinicamente, os pacientes com RCUI apresentam-se, característicamente, com diarréia mucossanguinolenta ( com sangue , muco e pus ), tenesmo ( dor retal ) e dor abdominal.
Na DC, os pacientes apresentam diarréia, emagrecimento, dor abdominal, febre, náuseas/vômitos e fístulas (comunicações anormais de regiões do intestino com outros órgãos-Ex: fístula reto-vaginal).
Manifestações extra-intestinais podem ocorrer em até metade dos casos dos portadores das DII e incluem artralgia/artrites, aftas orais, eritemanodoso, pioderma gangrenoso, lesões oculares (episclerite, uveíte) sacroileíte, colelitíase, colangite esclerosante, entre outras.
Agumas destas complicações extra-intestinais podem preceder as manifestações digestivas, o que frequentemente retarda em muito o diagnóstico da doença infamatória intestinal.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das Doenças Inflamatórias intestinais (DII) é baseado em uma combinação de achados, pois não existe um exame único que permita a definição diagnóstica. Muitas vezes, a diferenciação entre RCUI e DC torna-se difícil. O diagnóstico é realizado com a integração de dados que incluem: história clínica e exame físico, achados endoscópicos (COLONOSCOPIA e ENDOSCOPIA), histológicos (estudo de biópsias intestinais), radiológicos ( ultrassom, tomografia, ressonância) e testes laboratoriais.
TRATAMENTO
Ao longo dos últimos 60 anos, vários medicamentos foram e continuam sendo usados para o tratamento das DII: corticóides, SULFASSALAZINA e MESALAZINA (antiinflamatórios intestinais), antibióticos e imunossupressores (drogas capazes de inibir a resposta imune e consequentemente o processo inflamatório gerado).
Felizmente, com o melhor entendimento da fisiopatologia das DII, grandes avanços foram feitos no tratamento da DC e da RCUI. Os medicamentos biológicos a base de anticorpos monoclonais(INFLIXIMABE, ADALIMUMABE) representam hoje um verdadeiro divisor de águas no tratamento das formas moderada e grave destas doenças. A terapia biológica provou ser eficaz na mudança da história natural das doenças, cicatrizando a mucosa, impedidindo a evolução para formas graves e diminuindo índices de complicações, hospitalizações e cirurgia.
O tempo de tratamento e o número de medicamentos utilizados dependerão da intensidade dos sintomas e da resposta à terapia instituída. Geralmente o uso de medicamentos é prolongado e deve ser sempre orientado por um médico especialista.
Como a DC e a RCUI são doenças crônicas caracterizadas por fases agudas (crises) e por períodos de remissão ( ausência ou escassez de sintomas), há de ser feito exames regulares e o uso correto das medicações prescritas a fim de se evitar recidivas (recaídas) da doença.
Há algum risco de câncer associado à doença inflamatória intestinal?
Pacientes com Retocolite Ulcerativa Inespecífica há dez anos ou mais, particularmente com o cólon inteiro afetado (pancolite), apresentam maior risco de desenvolver câncer intestinal. Por esta razão, deve-se realizar colonoscopias regulares para detectar a presença de alterações pré-malignas. Há também certo risco de surgimento de câncer intestinal em pacientes com Doença de Crohn quando esta envolve o intestino grosso.
Como vimos, as DIIs acometem principalmente indivíduos em uma fase produtiva da vida, com sério impacto na qualidade de vida e na esfera sócio-profissional deste doente.
Trata-se de uma processo inflamatório crônico da mucosa gastrointestinal, de intensidades variadas, considerado desafiador a pacientes e médicos por ser de curso incerto e tratamento difícil.
Casos graves associam-se à necessidade de internações frequentes e de tratamentos cirúrgicos de repetição.
À seguir, falaremos de cada doença detalhadamente.
Leia mais em:
Tratamento Clínico e Cirúrgico da Retocolite Ulcerativa
Como a Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn interferem na digestão
Adalimumabe no tratamento de Retocolite Ulcerativa - Estudos
Cuidados e orientações aos portadores de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa Inespecífica
Dra. Tenho Crohn e fiquei feliz em ver esta matéria.Falta informação emesmo os outros especialistas quando a gente fala que tem a doença tem medo de tratar gripe, resfriado e outros prolblemas. Parabéns e espero mais sobre esta doença.
ResponderExcluirMuito bom o artigo, especialmente ao relacionar outros sintomas ( articulações, erupções na pele, etc). Sou portadora de RCUI. Descobri há pouco tempo. Fui erroneamente tratada como se eu tivesse Sindrome do Intestino Irrritável. Tenho 47 a.
ResponderExcluirAgradeço todos os comentários. Acredito que a informação é uma importante fonte de saúde, qualidade de vida e prevenção!
ResponderExcluirEm breve postarei mais artigos sobre doença inflamatória intestinal.
Leiam também:
http://saudedigestiva.blogspot.com/2011/01/cuidados-e-orientacoes-aos-portadores.html
Abraços!
Dra. Terry.
Tive cancer de intestino há mais de 20 anos e fiz radioterapia; De uns dez anos para cá tenho problemas de diarréia e de segurar as fezes. Já tentei todos os tipos de tratamento e ninguém me dá uma resposta especifica. Sofro vexames constantes. Pode ser efeito da radio? Mesmo depois de tantos anos? Minha última colonoscopia nada mostrou.resposta para helojung@globo.com
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