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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Brasileiros acessam a internet para buscar orientações sobre saúde





É com grande alegria e satisfação que comemoro com os leitores a marca dos 15.000 acessos ao blog " Saúde Digestiva e Bem-Estar"!
Espero que, neste mundo de crescente tecnologia e de informações globais, eu possa contribuir com o conhecimento médico no ensejo de fomentar a prevenção e os cuidados com a sáude.
Os acessos foram registrados pelo serviço de estatística do servidor, e contemplam vários países além do Brasil: Portugal, Estados Unidos, Moçambique, Suíça, Angola, Bolívia, Chile, Japão, Canadá, Alemanha, Egito, Espanha, França, Ucrânia, Eslovênia, entre outros.
Agradeço a todos pela presença neste espaço, desejando-lhes muita saúde e qualidade de vida!

À tempo, aproveito para compartilhar dados relevantes:

Pesquisa idealizada pela seguradora de saúde Bupa e divulgada no início de janeiro constatou que 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e suas condições médicas. Os dados da pesquisa revelam que 68% dos brasileiros buscam online informações sobre medicamentos, 45% procuram se informar sobre hospitais e 41% querem conhecer na internet experiências de outros pacientes com determinado problema de saúde.

12.262 pessoas foram entrevistadas em 12 países, sendo 1.005 brasileiros. Além do Brasil, participaram da pesquisa a Austrália, China, França, Alemanha, Índia, Itália, México, Rússia, Espanha, Reino Unido e EUA. No Brasil, a idade da amostra foi representativa da população até 50 anos.

Os resultados mostraram que a maioria (57%) dos brasileiros gostaria de poder renovar suas prescrições de tratamentos pela internet, enquanto 55% gostariam de usar a rede para marcar as consultas e 54% mostram interesse em acessar seus prontuários médicos ou resultados de testes online. Atualmente, 23% marcam consultas, acessam seus prontuários médicos e resultados de testes pela internet.

Achados globais da pesquisa Bupa Health Pulse:

· Entre os 12 países pesquisados, oito de cada 10 pessoas (81%) com acesso à Internet a utilizam para procurar orientações a respeito de sua saúde, remédios ou condições médicas.

· Os russos são os que mais pesquisam tais informações na Internet (96%), seguidos pela China (92%), Índia (90%), México (89%) e Brasil (86%). Os franceses são os que menos utilizam pesquisam informações de saúde (59%).

· As mulheres são mais propensas (86%) a usar a Internet para questões de saúde do que os homens (77%).

· 68% usaram a Internet para buscar informações sobre algum medicamento, sendo o diagnóstico o segundo uso mais popular (46%). 39% usam-na para buscar a experiência de outros pacientes.

· Os EUA e o Reino Unido apresentam maior tendência do que qualquer outra nação a procurar informações online para diagnóstico (58% de ambas as populações), seguidos por China e Rússia (ambas 56%).

· As pessoas mais jovens (18-24 e 25-34) usaram mídias sociais para se informar sobre questões de saúde – aproximadamente um quarto deste grupo etário publicou comentários/perguntas ou usou sites como o Facebook ou o MySpace para este fim. A porcentagem se reduz com a idade.

· Mais pessoas na Índia (email: 36%, texto: 35%) e México (email: 38%, texto: 35%) mandam emails e torpedos para o médico do que em qualquer outro país.

· Mais da metade (56%) declaram que gostariam de poder acessar seus registros médicos, seguidas daquelas que gostariam de marcar consultas (48%) e encomendar a reposição das receitas (47%) pela Internet. Para mais informações, visite www.bupa.com/healthpulse

Estes dados nos mostram como as novas tecnologias de comunicação vêm contribuindo para que a população tenha conhecimento sobre a própria saúde e tome decisões informadas. Atualmente, é inesgotável o espectro de informações científicas que as pessoas interessadas em doenças gastroenterológicas podem acessar na internet. Conquanto, reitero aqui que as fontes de informações e a qualidade do conteúdo devam ser sempre checadas e os problemas clínicos nunca subestimados.
A internet é um espaço de esclarecimento e debate com o objetivo estritamente educacional, e em hipótese alguma substitui a consulta médica, a realização de exames e o tratamento médico.





CIRROSE HEPÁTICA - Seria o álcool a única causa?

A cirrose hepática foi vista durante muito tempo como uma doença que afetava apenas indivíduos dependentes de ácool. Entretanto, esta enfermidade inflamatória crônica do fígado pode ser resultante de diversos fatores.
Qualquer processo inflamatório hepático ( seja ele por vírus, medicamentos, excesso de gordura, álcool, entre outros) gera uma destruição progressiva , com uma desorganização, fibrose e atrofia do fígado, denominada de CIRROSE.
Portanto, podemos definir cirrose como sendo o estágio final de uma doença inflamatória crônica do fígado.
Fato relevante é que o fígado possui uma grande capacidade de regeneração, e este processo pode levar  15 a 30 anos para a cirrose se instalar.

PRINCIPAIS CAUSAS DE CIRROSE HEPÁTICA
  • PRIMEIRA: Hepatite por vírus B e C. Atualmente a principal causa de cirrose no Brasil é a HEPATITE C CRÔNICA. Dentre os indivíduos que possuem a doença, estima-se que 40-50% evoluirão com cirrose. A hepatite C é a principal causa de câncer hepático e a principal indicação de de transplante deste órgão.
  • SEGUNDA: Uso abusivo do ÁLCOOL - ingestão diária, acima de 15 anos, em doses superiores a 40 g/dia para mulheres e 80g/dia para os homens. 
  • TERCEIRA: OBESIDADE   . Estima-se que no Brasil 11 a 15% da população seja obesa, o que configura um sério problema de saúde pública atual. O acúmulo de gordura no interior da células do fígado ( esteatose hepática ) constitui hoje uma causa importante de inflamação e degeneração do órgão.  

DIAGNÓSTICO

O processo inflamatório do fígado leva a sua atrofia, deformidade e diminuição. Desta maneira, há uma dificuldade muito grande de o sangue circular pelo fígado, ficando acumulado ( congestão ) em outros órgãos como baço, esôfago e estômago.
  • ENDOSCOPIA: podemos evidenciar varizes no esôfago e no estômago
  • ULTRASSOM DE ABDOMEM: podemos evidenciar um fígado pequeno e deformado, além de um baço aumentado de tamanho (espenomegalia). 
  • BIÓPSIA HEPÁTICA: estudo anatomo-patológico de fragmentos do fígado para determinar o grau de comprometimento hepático  
O fígado, a maior glândula do corpo, é responsável por várias funções, entre elas, a síntese de hormônios, lipídeos, proteínas, fatores da coagulação sanguínea, metabolismo dos carboidratos. Logo, a cirrose levará a um comprometimento sistêmico do organismo, com inúmeras manifestações clínicas:
  • Icterícia (coloração amarelada de pele e mucosas)
  • Ascite (acúmulo de líquido detro da cavidade abdominal)
  • Encefalopatia hepática (distúrbio neurólogico provocado pelo acúmulo de metabólitos hepáticos no cérebro)
  • Falta de apetite e emagrecimento 
  • Desnutrição- perda da massa muscular
  • Osteoporose
  • Edema de membros inferiores
  • Distúrbios da coagulação por baixa de plaquetas-  risco de sangramentos
  • Hemorragias Digestivas- rupturas de varizes esofágicas
  • Diminuição da imunidade
TRATAMENTO 

Deve ser dirigido para a doença de base: tratar a hepatite B e/ou C, reduzir o peso corpóreo, interromper o uso do álcool.
Não há um tratamento específico para a cirrose. O tratamento objetiva interromper a progressão da doença que, em alguns casos, pode levar também a reversão parcial do grau de cirrose. 
Se realizado em um estágio inicial, há possibilidade de que a doença se estabilize e o indivíduo tenha uma sobrevida normal. Em estágios avançados o único recurso disponível é o TRANSPLANTE DE FÍGADO. O Brasil chega a realizar até 4.000 transplantes hepáticos anualmente, com uma taxa de sucesso cada vez maior devido ao aprimoramento da técnica cirúrgica e aos medicamentos utilizados. 


PREVENÇÃO
  1. Vacinar contra a Hepatite B
  2. Diagnosticar precocemente e tratar os casos de hepatite C. Vale lembrar que a Hepatite C é uma doença silenciosa e até o momento não há  vacina disponível.
  3. Controlar os fatores de risco que levam a esteatose hepática: diminuir a obesidade, praticar exercícios físicos,  controlar o diabetes e a dislipidemia ( colesterol e triglicérides elevados ).
  4. Evitar o consumo abusivo de bebidas alcoólicas. 

Saiba mais sobre a Hepatite C, acesse: http://saudedigestiva.blogspot.com/2010/03/hepatite-c-uma-epidemia-silenciosa.html

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Impacto da Obesidade no Sistema Digestivo


A obesidade, atualmente considerada uma doença, surge como uma verdadeira epidemia no cenário mundial moderno, causando complicações e/ou co-mordidades que frequentemente levam ao óbito.
Trata-se pois, do maior desafio de saúde pública do século: estima-se que mais de 1,6 bilhões de pessoas estejam acima do peso ideal (sobrepeso) e 400 milhões sejam obesas.
A maior preocupação da obesidade é que ela é um fator de risco importante para algumas das doenças mais prevalentes do Mundo, como a doença coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes, hipertensão arterial sistêmica e osteoartrite. Além disso, alterações digestivas comuns também se relacionam com a obesidade:
  • o refluxo gastroesofágico e a esofagite
  • a esteatose hepática
  • os cálculos da vesícula biliar
  • o aumento da incidência de alguns cânceres neste sistema.(ex: câncer colorretal)

REFLUXO GASTROESOFÁGICO
O aumento da prevalência da obesidade e do refluxo gastroesofágico em populações ocidentais durante os últimos 50 anos sugerem uma clara associação entre estas duas condições. Estudos mostraram um aumento da incidência de refluxo gastroesofágico em torno de uma a duas vezes e meia em pacientes com aumento do índice de massa corpórea, assim como as complicações desta doença, como a queimação retroesternal (azia), regurgitação, esofagite erosiva e câncer de esôfago. O aumento do diâmetro abdominal também estava relacionado ao aumento da incidência de esôfago de Barrett, que é uma adaptação da mucosa do esôfago ao trauma causado pelo líquido refluído. Esta relação entre a obesidade e o refluxo decorre da redução da pressão do esfíncter (músculo) inferior do esôfago, da presença de hérnia de hiato, aumento da pressão intra-abdominal e intragástrica (dentro do estômago) e alteração da motilidade do esôfago, que são alterações decorrentes do excesso de peso.


LITÍASE BILIAR
Na vesícula biliar, a obesidade está associada à formação de cálculos de vesícula, que ocorre com incidência de 2 a 3 vezes maior que na população geral, principalmente nas mulheres. O aumento do índice de massa corpórea também se associa ao câncer de vesícula nas mulhreres, mas não nos homens.

ESTEATOSE HEPÁTICA
Em relação ao fígado, a presença de esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), cirrose hepática e câncer hepático são associados com a obesidade. Na população geral, a incidência de esteatose hepática é de 3 a 24%, mas sobe para 58 a 74% em obesos.


CÂNCER COLORRETAL
O aumento de peso está também relacionado com o aumento de risco de desenvolvimento câncer de intestino grosso (duas vezes mais, principalmente em homens) e de pólipos adenomatosos (precursores do câncer intestinal). A incidência deste tumor é diretamente proporcional ao aumento do índice de massa corpórea e da circunferência abdominal.


A obesidade está ligada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a prática de atividade física e uma alimentação saudável podem reduzir em 63% os tumores de boca, faringe e laringe. O controle da obesidade pode fazer com que o câncer de mama tenha sua incidência reduzida em 30%. Desta forma, temos que repensar nossa alimentação, pois ela pode ser fator de proteção ou aumentar os riscos de desenvolvimento do câncer. Precisamos aumentar o consumo de frutas, fibras, verduras, legumes e peixes, e deixar de lado alimentos ricos em açúcares e gorduras saturadas, como refrigerantes e alimentos industrializados.

Sabe-se que uma pessoa obesa gasta em média 42% a mais por ano com tratamentos médicos do que alguém com peso adequado, o que também reflete um problema social e financeiro da obesidade. Em um País em desenvolvimento como o nosso, este dado é extremamente relavante. Quanto ao grande número de alterações digestivas associadas ao aumento de peso, é comprovado que a redução do peso traz diminuição da incidência e do risco de progressão destas doenças. Desta forma, o cuidado com o peso extrapola e muito a simples questão estética que está ligada a esta doença tão comum em nosso meio.

Por conta do crescimento da obesidade, o Brasil tem registrado um aumento no número de cirurgias bariátricas, popularmente conhecida como redução do estômago, que é indicado no tratamento da obesidade mórbida. No ano de 2009 o Brasil realizou 30 mil cirurgias, um crescimento de 500% nos últimos 10 anos.
A diminuição do tamanho do estômago para perda de peso é recomendada quando o índice de massa corporal (IMC) é maior que 40kg/m² em pessoas com idade superior a 18 anos, seja homem ou mulher. O procedimento pode ser recomendado, ainda, se o IMC estiver entre 35kg/m² e 40kg/m² e o paciente em questão tiver comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, hérnia de disco ou outras doenças associadas à obesidade. É válido lembrar que a cirurgia bariátrica é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir o peso por métodos tradicionais.




Tenha uma dieta saudável e mantenha a prática de exercícios físicos de maneira regular.
Se necessário, tenha acompanhamento de profissionais habilitados, como nutricionistas, preparadores físicos e médicos.

                                    BUSQUE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA!


domingo, 2 de janeiro de 2011

Cuidados e orientações aos portadores de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa Inespecífica

  • 1. Evite o uso de antiinflamatórios, pois podem irritar o tubo digestivo e ativar a doença. Em caso de dúvida, consulte seu médico antes de ingerir qualquer nova medicação.
  • 2. Nas crises de diarréia, procure não ingerir fibras alimentares, principalmente as insolúveis (verduras cruas, cascas de frutas,etc.), pois podem acentuar e perpetuar o quadro.
  • 3. Não consuma condimentos picantes, pois são agressivos à mucosa intestinal que já encontra-se inflamada.
  • 4. Evite o uso de papel higiênico. Procure lavar-se após as evacuações, pois isto evita possíveis irritações locais. 
  • 5. Sempre que consultar algum médico ou especialista da área da saúde, informe sobre sua doença e sobre os medicamentos em uso.
  • 6. Entenda as medicações que você faz uso. Pergunte ao seu médico quais os seus efeitos colaterais e por quanto tempo você deverá usá-las.
  • 7. Uma vez decidido o tratamento, siga-o de maneira discipinada. se uma medicação lhe foi prescrita, tome-a exatamente como foi solicitado.
  • 8. Algumas medicações DEVEM ser mantidas mesmo quando você está bem, a fim de evitar recidivas da doença. Portanto, nunca pare de tomar uma medicação sem antes consultar o seu médico.
  • 9. Algumas medicações utilizadas para as DII podem provocar eventuais efeitos indesejáveis, como anemia e hepatotoxidade. Exames laboratoriais  e clínicos devem ser realizados regularmente durante o tratamento.
  • 10. Não fume, especialmente se você tem Doença de Crohn. O tabagismo piora significativamente esta doença.
  • 11. Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada, a fim de absorver os nutrientes necessários e obter ganho de peso. Evite pular refeições ou ficar longos períodos em jejum.
  • 12. Faça sempre práticas esportivas. Mantendo o seu corpo saudável você terá uma melhor qualidade de vida. Momentos de lazer e descontração são necessários e possuem um impacto positivo no controle da doença.
  • 13. Lembre-se de que todos os pacientes portadores de DII são diferentes. Não existe " caso típico". Portanto, o tratamento é sempre individualizado e único.
  • 14. Estresses emocionais podem agravar a doença. Pratique atividades que o ajudem a buscar o equilíbrio - ex: yoga, meditação, psicoterapia e esportes. 
  • 15. Informe-se sobre sua doença, seus sinais e sintomas. Conheça o seu organismo e o modo como a doença o afeta.
  • 16. Se você possui retocolite, provavelmente deverá realizar colonoscopias regulares como exame de prevenção de câncer colorretal. Informe-se com seu médico. 
  • 17. No caso de recaídas, tanto na Retocolite Ulcerativa quanto na Doença de Crohn, a menstruação pode ser temporariamente afetada, com ciclos irregulares.
  • 18. Durante as recaídas, particularmente se houver diarréia intensa, a eficácia do anticoncepcional de uso oral poderá ser menor, e outros métodos  de contracepção deverão ser utilizados.
  • 19. Não há evidências de que as DIIs sejam adversamente afetadas pela gravidez. Entretanto, se você estiver fazendo planejamento familiar  ou desejar engravidar, deverá sempre falar sobre isto com o seu médico. É melhor tentar a concepção na fase de remissão da doença, ouseja, quando estiver se sentindo bem.
  • 20. Recaídas agudas durante o período de gravidez podem ser seguramente tratadas com corticosteróides ou aminossalicilatos sem danos ao feto.   

Compreendendo as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)



A Doença Inflamatória Intestinal (DII) corresponde a qualquer processo inflamatório envolvendo o trato gastrointestinal, seja ele agudo ou crônico. Tradicionalmente, classifica-se as DIIs em dois grupos: com causas conhecidas (infecções, parasitoses, enterocolite por radioterapia, etc) e aquelas com causas não totalmente esclarecidas. Neste último grupo, 80 a 90% dos casos são diagnosticados como Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) e Doença de Crohn (DC). A principal diferença entre elas é que a RCUI compromete somente o intestino grosso, enquanto a DC pode ocorrer em qualquer segmento do aparelho digestivo, desde a boca até o ânus.

CAUSAS

A etiopatogenia destas doenças ainda não é  totalmente conhecida, mas sabe-se que envolve uma série de desordens e ativação imunoinflamatória em indivíduos geneticamente suscetíveis. Como consequência, surgem lesões inflamatórias crônicas da mucosa do tubo digestivo associadas a complicações locais e sistêmicas (em outros órgãos e sistemas).
Atualmente, sabe-se  que são entidades autoimunes, e envolvem tanto fatores genéticos, locais (microbiota intestinal), imunológicos, como psicossociais.
Cerca de 15 a 30% dos portadores de DII têm um parente ou familiar com a doença.


DC - úlceras intestinais
RCUI- colite difusa



INCIDÊNCIA

A RCUI e a DC são afecções crônicas de incidência mundial crescente e, até o momento, não possuem cura, apenas tratamento que há de ser feito de maneira contínua e supervisionado por médico especialista.
Em geral, afetam pessoas entre 10 e 40 anos de idade, mas podem, algumas vezes, manifestar-se pela primeira vez em crianças menores e idosos.
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, observa-se que ambas as doenças têm aumentado em frequência nos últimos anos, em especial a DC. A hipótese mais aceita para expllicar este fato em nosso meio, diz respeito ao maior consumo de alimentos industrializados, ricos em xenobióticos (conservantes, corantes,aditivos, etc), que exerceriam um potente efeito antigênico (reação imunológica de defesa e produção de anticorpos) em indivíduos geneticamente suscetíveis, deflagrando a doença.



QUADRO CLÍNICO

Clinicamente, os pacientes com RCUI apresentam-se, característicamente, com diarréia mucossanguinolenta ( com sangue , muco e pus ), tenesmo ( dor retal ) e dor abdominal.
Na DC, os pacientes apresentam diarréia, emagrecimento, dor abdominal, febre, náuseas/vômitos e fístulas (comunicações anormais de regiões do intestino com outros órgãos-Ex: fístula reto-vaginal).
Manifestações extra-intestinais podem ocorrer em até metade dos casos dos portadores das DII e incluem artralgia/artrites, aftas orais, eritemanodoso, pioderma gangrenoso, lesões oculares (episclerite, uveíte) sacroileíte, colelitíase, colangite esclerosante, entre outras.
Agumas destas complicações extra-intestinais podem preceder as manifestações digestivas, o que frequentemente retarda em muito o diagnóstico da doença infamatória intestinal.





DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das Doenças Inflamatórias intestinais (DII) é baseado em uma combinação de achados, pois não existe um exame único que permita a definição diagnóstica. Muitas vezes, a diferenciação entre RCUI e DC torna-se difícil. O diagnóstico é realizado com a integração de dados que incluem: história clínica e exame físico, achados endoscópicos (COLONOSCOPIA e ENDOSCOPIA), histológicos (estudo de biópsias intestinais), radiológicos ( ultrassom, tomografia, ressonância) e testes laboratoriais.

TRATAMENTO

 
Ao longo dos últimos 60 anos, vários medicamentos foram e continuam sendo usados para o tratamento das DII: corticóides, SULFASSALAZINA e MESALAZINA (antiinflamatórios intestinais), antibióticos e imunossupressores (drogas capazes de inibir a resposta imune e consequentemente o processo inflamatório gerado).
Felizmente, com o melhor entendimento da fisiopatologia das DII, grandes avanços foram feitos no tratamento da DC e da RCUI. Os medicamentos biológicos a base de anticorpos monoclonais(INFLIXIMABE, ADALIMUMABE) representam hoje um verdadeiro divisor de águas no tratamento das formas moderada e grave destas doenças. A terapia biológica provou ser eficaz na mudança da história natural das doenças, cicatrizando a mucosa, impedidindo a evolução para formas graves e diminuindo índices de complicações, hospitalizações e cirurgia.
O tempo de tratamento e o número de medicamentos utilizados dependerão da intensidade dos sintomas e da resposta à terapia instituída. Geralmente o uso de medicamentos é prolongado e deve ser sempre orientado por um médico especialista.
Como a DC e a RCUI são doenças crônicas caracterizadas por fases agudas (crises) e por períodos de remissão ( ausência ou escassez de sintomas), há de ser feito exames regulares e o uso correto das medicações prescritas a fim de se evitar recidivas (recaídas) da doença.



Há algum risco de câncer associado à doença inflamatória intestinal?
Pacientes com Retocolite Ulcerativa Inespecífica há dez anos ou mais, particularmente com o cólon inteiro afetado (pancolite), apresentam maior risco de desenvolver câncer intestinal. Por esta razão, deve-se realizar colonoscopias regulares para detectar a presença de alterações pré-malignas. Há também certo risco de surgimento de câncer intestinal em pacientes com Doença de Crohn quando esta envolve o intestino grosso.


Como vimos, as DIIs acometem principalmente indivíduos em uma fase produtiva da vida, com sério impacto na qualidade de vida e na esfera sócio-profissional deste doente.
Trata-se de uma processo inflamatório crônico da mucosa gastrointestinal, de intensidades variadas, considerado desafiador a pacientes e médicos por ser de curso incerto e tratamento difícil.
Casos graves associam-se à necessidade de internações frequentes e de tratamentos cirúrgicos de repetição.


À seguir, falaremos de cada doença detalhadamente.


Leia mais em:

Tratamento Clínico e Cirúrgico da Retocolite Ulcerativa
Como a Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn interferem na digestão
Adalimumabe no tratamento de Retocolite Ulcerativa - Estudos
Cuidados e orientações aos portadores de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa Inespecífica